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Os antigos gregos e romanos e as mudanças climáticas

18 de dezembro de 2025

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BNCC

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Há milênios que os seres humanos têm conhecimento, refletem e se preocupam com as mudanças climáticas.

Pelo menos desde o século IV a.C., os antigos gregos e romanos reconheciam que o clima muda ao longo do tempo e que a atividade humana pode causá-lo.

Eles estavam profundamente preocupados com o impacto que isso teria sobre nós como indivíduos e sobre a sociedade em geral.

A primeira menção às mudanças climáticas?

O escritor grego Teofrasto de Ereso (372-282 a.C.), sucessor de Aristóteles, é considerado o autor da primeira referência às mudanças climáticas. Em seu tratado Sobre os Ventos, Teofrasto observa que os habitantes de Creta reconheciam que seu clima havia mudado ao longo dos séculos:

[Dizem] que agora os invernos são mais longos e neva mais, apresentando como prova o fato de que as montanhas já foram habitadas e produziram plantações, tanto de cereais quanto de árvores frutíferas, tendo a terra sido plantada e cultivada.

Pois existem vastas planícies entre as montanhas Ideanas e outras, nenhuma das quais é cultivada atualmente porque não produzem (safras).

Mas, como já foi dito, eles se estabeleceram de fato, razão pela qual a ilha ficou cheia de gente, pois naquela época ocorriam chuvas torrenciais, enquanto não havia muita neve nem clima invernal.

Não está claro o quão preciso pode ser o relato de Teofrasto sobre o clima de Creta, ou a que período de tempo se refere a palavra “outrora”.

Creta é uma ilha montanhosa, no Mar Egeu, em grande parte rochosa e árida. Na época da civilização minoica (2700-1200 a.C.), a ilha possuía mais água do que atualmente, resultado do desmatamento que contribuiu para as mudanças climáticas. Ruínas do Palácio de Cnossos, Creta.

 Estudos científicos modernos sugerem que, de 8000 a.C. a 600 a.C., Creta experimentou diversas alternâncias climáticas, por exemplo, de clima úmido e quente para clima seco e quente e, finalmente, para clima frio e úmido, enquanto que, na época em que Teofrasto escreveu, o clima era considerado relativamente quente e seco. (MARKONIS, 2016).

A observação de Teofrasto mostra que as pessoas transmitiam informações sobre as mudanças climáticas de geração em geração.

Percepção do papel dos humanos nas mudanças climáticas

Nos tempos da Grécia e Roma antigas, alguns já tinham consciência de que as ações humanas podiam contribuir para as mudanças climáticas. O aristocrata romano Plínio, o Velho (23/24-79 d.C.), escreveu uma obra intitulada História Natural, na qual apresentou exemplos de mudanças climáticas causadas pela ação humana. Em uma passagem, Plínio observou que

No distrito de Lárissa, na Tessália, o esvaziamento de um lago fez com que a temperatura da região baixasse.

Segundo Plínio, devido a essa mudança climática:

 As oliveiras que antes ali cresciam desapareceram, e as vinhas começaram a ser afetadas (pela geada), o que não acontecia antes.

 Plínio observou que esse tipo de mudança causada pela atividade humana já havia ocorrido em outras regiões da Grécia:

A cidade de Aenos, desde que o rio Maritza foi trazido para perto dela, experimentou um aumento de temperatura, e o distrito ao redor de Filipos alterou seu clima quando suas terras cultivadas foram drenadas.

Lárissa, na Tessália, Grécia, foi uma pólis (cidade-estado) durante a Era Clássica. Cidade onde nasceu Aquiles e morreu o famoso médico grego Hipócrates. Ruínas do primeiro teatro antigo de Lárissa.

Consciência das mudanças climáticas de longo prazo

Os antigos gregos e romanos compreendiam que o clima não é estático ao longo do tempo.

O escritor romano Columela (ativo por volta de 50 d.C.) observou em sua obra Sobre a Agricultura que as mudanças climáticas já haviam sido mencionadas por autores anteriores:

Pois constatei que muitas autoridades […] estavam convencidas de que, com o passar dos séculos, o tempo e o clima sofrem alterações.

Columela se refere ao escritor romano Saserna (início do século I a.C.). Saserna havia observado como:

Regiões que antes, devido à severidade implacável do inverno, não conseguiam proteger nenhum broto de videira ou oliveira, agora que o frio anterior diminuiu e o clima está se tornando mais ameno, produzem colheitas de azeitonas e vinhos de Baco em grande abundância.

 Saserna, no entanto, não atribuiu essas mudanças climáticas de longo prazo à atividade humana. Ele sugeriu que elas foram causadas pela posição da Terra em relação ao Sol e aos outros planetas, escrevendo que:

 A posição dos céus mudou.

 Respostas dos antigos às mudanças climáticas

Escritores gregos e romanos às vezes se queixavam da destruição que estava sendo causada ao meio ambiente. O escritor romano Plínio, o Velho, comentou:

 Nós contaminamos os rios e os elementos da natureza, e o próprio ar, que é o principal suporte da vida, transformando-o em um meio de destruição da vida.

No entanto, a maioria dos autores antigos tendia a não associar os danos ambientais e a poluição às mudanças climáticas tanto quanto fazemos hoje. A exceção ocorre quando mencionam o esvaziamento de lagos ou o desvio de rios, o que preocupava muita gente.

Os autores da Antiguidade, no entanto, consideravam a proteção do meio ambiente uma preocupação séria. Acreditavam que tornar o meio ambiente insalubre também tornaria as pessoas insalubres.

Por exemplo, o médico Galeno (129-216 d.C.) afirmou que, em sua época, o rio Tibre, em Roma, estava tão poluído que o peixe ali pescado era impróprio para consumo. Mesmo assim, muitas pessoas comiam o peixe, adoeciam e morriam. As principais fontes de poluição eram o esgoto e o lixo.

Alguns líderes da antiguidade tomaram medidas para limpar o meio ambiente.

Por exemplo, o imperador romano Nerva (reinado 96-98 d.C.) realizou obras de construção que fizeram com que a aparência da cidade ficasse “limpa e alterada” e tornassem o ar “mais puro”, de acordo com o escritor romano Frontino.

No início do século I d.C., Plínio, o Velho alertou em sua “História Natural” sobre a contaminação dos rios causada pelos homens. Dois mil anos depois, a poluição do rio Tibre ainda preocupada autoridades e cientistas. Rio Tibre em Roma.

O que o mundo moderno pode aprender

Escritos da Grécia e Roma antigas revelam preocupações antigas sobre nosso impacto negativo no meio ambiente. Elas mostram que lugares antes ricos e férteis, mais tarde se tornaram desolados e áridos.

Embora os gregos e romanos associassem os danos ambientais às mudanças climáticas de forma mais limitada do que fazemos hoje, eles sabiam, mesmo assim, que prejudicar o meio ambiente poderia alterar o clima. Eles entenderam que isso poderia, em última análise, prejudicar a nós mesmos pessoalmente e nossas sociedades como um todo.

Fonte

  • PANEGYRES, Konstantine. Ancient greeks and romans knew harming the environment could change the climate. The Conversation, Universidade da Austrália Ocidental.4 nov 2025.
  • MARKONIS, Y et al. Variabilidade climática e a evolução das tecnologias hídricas em Creta, Grécia. Water History. Springer Nature Link, 26 abr 2016.

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