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Imago Mundi: decifrado o mapa do mundo mais antigo conhecido

17 de setembro de 2024

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Um mapa-múndi gravado em uma tabuinha de argila mostra como os babilônicos viam o mundo há 2.500 anos. Suas inscrições na língua acadiana escrita em cuneiforme foram decifradas e falam sobre a criação do mundo, seres mitológicos, reis, reinos, cidades e regiões desconhecidas.

O que é o Imago Mundi

Imago Mundi é uma representação esquemática do mundo feita em uma tabuinha de argila acompanhada de inscrições em cuneiforme. Foi descoberto pelo arqueólogo Hormuzd Rassam, durante uma escavação na antiga cidade de Sippar, perto de Bagdá moderna, no atual Iraque. No entanto, é possível que esta tabuinha tenha sido colocada por engano na caixa dos artefatos de Sippar e que sua origem seja Borsippa, importante cidade da Suméria, na margem direita do rio Eufrates e a 17 km a sudoeste da Babilônia. Esta hipótese baseia-se no fato de que o escriba Ea-bēl-ilī cujo nome aparece no verso da tabuinha, é o mesmo nome de um escriba em Borsippa conhecido de outros textos.

O mapa-múndi foi datado entre 700 e 500 a.C. e mede 12,2 cm x 8,2 cm. Adquirido pelo Museu Britânico em 1882, seu texto foi traduzido pela primeira vez em 1889. Em 1995, um novo fragmento da tábua foi descoberto, a parte do triângulo superior, e pode-se, então, compreender melhor do que se tratava.

Mapa-múndi babilônico: uma representação do mundo de 2500 anos.

Descrição do mapa-múndi babilônico

Em qualquer direção que viajavam, os mesopotâmicos encontravam mares, seja o Cáspio, o Negro, o Mediterrâneo ou o Golfo Pérsico. Consequentemente, imaginaram o mundo com a planície da Mesopotâmia, o rio Eufrates fluindo através dela, e um oceano circundante.

Esse é o formato do mapa-mundi babilônico: um disco rodeado por um anel de água denominado Rio Amargo (números 14 a 17), referindo-se ao oceano. A escrita cuneiforme identifica locais tanto dentro do mapa circular quanto em algumas regiões além dele.

Uma linha curva que se estende de norte-nordeste parece representar as Montanhas Zagros (1).

O mapa-múndi babilônico e sua representação em desenho.

No centro do disco, o Rio Eufrates atravessa o mapa de norte a sul, terminando em um pântano (7) representado por linhas paralelas.

A cidade da Babilônia (13) está marcada como um retângulo na extremidade direita do Eufrates, embora a cidade tenha ocupado ambas as margens do rio durante a maior parte de sua história.

O mapa indica o reino de Urartur (3), a Assíria (4), as cidades de Der (5), Susa (8), a capital de Elam, Bit Yakin (10), região da Caldeia e Habã (12), a capital cassita. Dentro do limite externo, há sete pequenos círculos internos, que se acredita representarem sete cidades.

Além do anel do “Rio Amargo” estão colocadas as oito regiões periféricas (chamadas nagu).

Ao lado da “região” nordeste está escrito “Onde Shamash não é visto” indicando que o sol nasce no leste, cruza os céus, se põe no oeste e depois retorna para o leste (como os babilônicos pensavam) através das águas do submundo.

Essas regiões podem representar locais mitológicos ou desconhecidos para os mesopotâmicos, e a inscrição sugere que originalmente havia oito dessas áreas. O mapa menciona criaturas míticas como o homem-escorpião e o pássaro-leão Anzu, simbolizando as forças sobrenaturais que, segundo a crença babilônica, governavam o mundo.

Além do círculo de água, sete ou oito seções triangulares, conhecidas como “regiões” (nagu), estão rotuladas. Descrições de cinco dessas regiões sobreviveram.

Texto na parte superior

Parte superior da frente com 11 linhas em cuneiforme, Imago Mundi.

O texto acima do mapa parece descrever parte da criação do mundo por Marduk, o deus patrono da Babilônia, que separou o Oceano primordial (a deusa Tiamat) e assim criou a Terra e o Mar.

Marduk de pé sobre a “cobra feroz” em posição de vitória sobre as águas do derrotado Tiamat, selo cilíndrico do século IX a.C.

Duas ou três linhas podem estar faltando no início. Na sequência pode-se ler:

“… cidades em ruínas …
… a quem Marduk observa …
… os deuses arruinados que … no meio do mar
… serpente, grande dragão, entre Anzu, homem-escorpião
… cabra montesa, gazela, zebu, leopardo, bisão
… leão, lobo, veado e hiena
… o animal que Marduk criou sobre o mar ondulado
… Utnapishtim*, Sargão* e Nur-Dagan* rei de
… seu interior ninguém conhece”.

*Utnapishtim é um personagem citado na Epopeia de Gilgamesh que o herói Gilgamesh vai visitar em uma terra além do mar e além das Águas da Morte. Isso sugere que todo esse texto se refere aos habitantes das regiões exteriores. Utnapishtim é a figura lendária que inspirou a história do Noé bíblico.

*Sargão refere-se ao rei de Acádia (c. 2334-2279 a.C.) que estabeleceu um império de curta duração que se espalhou para o norte e oeste dos limites normais da Babilônia e se tornou o assunto de vários contos lendários.

*Nur-Dagan é o rei de Purushanda, um reino da Anatólia (na Turquia atual) contra quem Sargão lutou.

Os “deuses arruinados” são deuses cujas estátuas foram destruídas e precisaram de reparos. Acredita-se que os próprios deuses tenham descido ao submundo (via Águas da Morte), e a frase, “que … no meio do mar”, provavelmente se refere a essa morada no submundo.

As figuras da serpente, o grande dragão, o homem-escorpião e o bisão estão entre os monstros criados por Tiamat (oceano primordial) para lutar contra o deus Marduk.

Anzu é o pássaro com cabeça de leão cujas asas ao bater causavam redemoinhos e tempestades de areia. Ele é o oponente do deus Ninurta, o deus dos combates na mitologia babilônica. Todos esses monstros podem ter sido imaginados como habitantes do submundo ou as águas do submundo.

Anzu, a águia-leão, relevo encontrado em Tell Telloh, a antiga cidade de Girsu, 2550 a.C.. Louvre, Paris.

O verso do mapa-múndi babilônico

No verso da tábua (29 linhas) parece ser uma descrição das oito “regiões” (nagu) em parágrafos quebrados e em grande parte ininteligíveis, cada um começando “Para a primeira (segunda, etc.) região para onde você vai a distância é sete beru”. Isso, como as notas no mapa, parece indicar a distância entre as diferentes “regiões” ao redor da borda do mundo.

Frente e verso do mapa-múndi babilônico.

Um parágrafo final resume, “Em todas as oito “regiões” das quatro margens da terra…, seu interior ninguém conhece”.

A palavra nagu, que em textos históricos e geográficos significa simplesmente “região”, parece ter um significado cósmico ou mitológico especial nesta tábua. A palavra também aparece na história do dilúvio da Epopeia de Gilgamesh:  quando as águas baixaram, Utnapishtim “olhou ao redor e, em cada uma das doze direções, surgiu um nagu“.

Uma breve descrição é dada para cada um dos oito nagu, mas estão muito danificados para serem lidos.

3º nagu: Um [pássaro] alado não pode completar sua jornada com segurança (seria um deserto intransitável até para os pássaros?)

4º nagu: … são grossos como uma medida de parsiktum, 20 dedos…

7º nagu: … onde o gado com chifres está […] eles correm rápido e alcançam…

8º nagu: …o lugar onde… amanhece na sua entrada… (seria um portão celestial por onde o Sol entra ao nascer pela manhã?)

Ao final, a inscrição afirma que o mapa é uma descrição panorâmica:

dos Quatro Quadrantes do mundo inteiro […] que ninguém pode compreender (isto é, os nagu se estendem infinitamente longe).

As duas últimas linhas aparentemente registram o nome do escriba que escreveu a tabuinha:

…copiado de seu antigo exemplar e… o filho de Iṣṣuru [o descendente] de Ea-bēl-ilī.

Influência do mapa babilônico nos mapas medievais

A ideia da terra cercada pelo mar como aparece no mapa-múndi babilônico continuou no período grego (por exemplo, em Anaximandro e Hecateus de Mileto) e se manteve na Idade Média europeia nos chamados mapas O-T.

Mapa O-T (do latim orbis terrarum, “círculo das terras”) é uma representação antiga da geografia mundial apresentando um T dentro de um O. Este tipo de mapa foi delineado pela primeira vez por Isidoro de Sevilha (c. 560–636) em sua obra De Natura Rerum e depois em sua Etymologiae (c. 625). Também é conhecido como mapa isidoriano.

Mapa O-T, da obra “Etimologias” de Isidoro de Sevilha, século VII d.C., identificando os três continentes conhecidos povoados pelos descendentes de Sem, Jafé e Cam (filhos de Noé).

A letra T é o Mediterrâneo, os rios Nilo e o Don dividindo os três continentes, Ásia, Europa e África, e a letra O é o oceano circundante. Jerusalém era geralmente representada no centro do mapa como o umbigo do mundo, o umbilicus mundi. A Ásia era do tamanho dos outros dois continentes juntos. O Norte está à esquerda, o Sul à direita, o Leste na parte superior, o Oeste na inferior.

Dado que o Sol nasce no leste, o Paraíso (o Jardim do Éden) era usualmente localizado na Ásia, que ficava no topo do mapa.

Mapas posteriores do formato conceitual O-T apresentavam muitos rios e cidades da Europa Oriental e Ocidental, e outras características encontradas durante as Cruzadas. Ilustrações decorativas também foram adicionadas, além de novos elementos geográficos. As cidades mais importantes seriam representadas por esboços de fortificações e torres, além de seus nomes, e os espaços vazios seriam preenchidos com criaturas míticas

Conceito de Terra esférica

Embora Isidoro tenha mencionado em sua Etymologiae que a Terra era “redonda”, o significado do termo tem sido debatido, com alguns estudiosos sugerindo que ele pode ter se referido a uma Terra em forma de disco. No entanto, outras obras de Isidoro esclarecem que ele acreditava que a Terra era esférica.

De fato, o conceito de uma Terra esférica foi amplamente aceito entre os estudiosos desde pelo menos a época de Aristóteles (século IV a.C.), que descreveu um clima frígido nos polos, uma zona tórrida perto do Equador e uma zona temperada habitável no meio.

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