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Ilíada e Odisseia: 27 mil versos que atravessaram milênios

20 de setembro de 2017

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A célebre Guerra de Troia, que teria ocorrido em torno de 1250 a.C., foi transmitida oralmente de geração a geração durante séculos até ser eternizada em versos no século IX ou VIII a.C. nas monumentais Ilíada (de “Ilion”) e Odisseia (de “Odisseu”, nome grego de Ulisses, seu personagem central). Os 15.693 versos da Ilíada aos quais são adicionados os cerca de 12.000 versos da Odisseia são atribuídos ao poeta grego Homero.

É antiga a polêmica em relação à autoria dos poemas (há quem afirme que somente a Ilíada foi escrita por Homero) e discute-se até mesmo a existência de Homero. Hoje, os especialistas classificam essas obras de “homéricas” sem alusão direta a um personagem histórico, mas a uma época ou uma memória grega antiga.

Seja como for, os poemas homéricos inspiraram artistas ainda na Antiguidade que deram sequência à narrativa ou ampliaram e detalharam episódios tratados brevemente na Ilíada e Odisseia. Assim foi o episódio do cavalo de Troia, mencionado em poucas linhas na Odisseia, mas que ganhou destaque em autores posteriores, como Virgílio, poeta romano do século I a.C. Sua obra Eneida narra as aventuras do herói troiano Eneias a partir da queda de Troia. É Virgílio quem narra a astúcia sugerida por Ulisses de construir o cavalo de madeira, graças ao qual os gregos finalmente conseguiram penetrar na cidade inimiga depois de dez anos de cerco.

  • BNCC: 6° ano – Habilidade: EF06HI09
  • Ensino Médio – Habilidades: EM13CHS104, EM13CHS501

Este artigo remete para atividades para o Stud História, Veja no final.

Vaso de Mikonos, com uma das mais antigas representações do Cavalo de Troia, século VIII a.C.

Ilíada e Odisseia: temas centrais

A estrutura da Ilíada e da Odisseia é complexa: envolve centenas de personagens, entre deuses, semideuses e mortais, em uma cronologia abrangendo anos e que nem sempre é linear. A narrativa é pontuada por recuos, repetições, intervenções de deuses, longas descrições e muitos diálogos.

A Ilíada narra os acontecimentos decorridos no período final da Guerra de Troia, os últimos cinquenta dias do décimo ano da guerra. O personagem central é Aquiles cuja ira causada por uma disputa com Agamenon, comandante dos exércitos gregos, causou a morte de Pátroclo, seu melhor amigo, e de um grande número de companheiros.

Segue-se o feroz combate entre Aquiles e Heitor, príncipe de Troia que acaba sendo morto por Aquiles.

Outros quadros de forte dramaticidade do poema são: as súplicas de Príamo a Aquiles para que lhe entregue o cadáver do filho; a morte de Aquiles, morto ingloriamente por uma flecha lançada por Páris que atingiu seu calcanhar direito; o drama de Hécuba, rainha de Tróia que vê morrer o marido e quase todos os seus filhos; as virtudes e a resignação de Andrômaca, mulher de Heitor.

A Ilíada termina com o funeral de Heitor. A sequência da guerra  – o “cavalo de Troia”, o ataque final e o incêndio da cidade – é contada ao longo da Odisseia.

Corpo de Heitor sendo levado de volta à Troia, sarcófago romano, detalhe, século II, Louvre.

A Odisseia narra o regresso de Odisseu (ou Ulisses, como era chamado pelos romanos) à Ítaca, sua terra natal. O retorno dura dez anos durante os quais o herói grego passa por toda sorte de acontecimentos: seu confronto com o ciclope Polifemo, o encontro com a feiticeira Circe, a descida ao Hades, o reino dos Mortos, as armadilhas das sereias e outras aventuras.

Ao chegar em Ítaca, Ulisses ainda enfrenta e elimina todos os pretendentes de sua esposa Penélope, que o julgava morto. Por fim, consegue vencer as desconfianças de Penélope ao descrever a cama que construiu para ela após se casarem – fato que somente os dois conheciam.

Aquiles e Ulisses: dois heróis diferentes

Enquanto a Ilíada conta a cólera de Aquiles, a Odisseia narra a astúcia de Odisseu ou Ulisses. Dois modelos de heróis com virtudes muito diferentes.

Aquiles é um semideus, guerreiro de uma coragem imensurável, mas também de um ódio desdenhoso e crueldade empedernida. Era filho de Tétis e Peleu, rei dos mirmitões. Sua mãe, querendo torná-lo imortal, banhou-o, ainda bebê, nas águas do rio Estige; porém, segurou a criança pelos calcanhares que, por isso não foram molhados pelas águas sagradas. Dessa maneira seu corpo se tornou impenetrável com exceção dos calcanhares, sua parte vulnerável e mortal.

Sua mãe lhe dá a escolha entre uma vida longa e pacífica, mas obscura, ou uma vida curta e gloriosa. Aquiles escolhe a glória. Ele se torna, assim, o herói típico, que desafia o perigo – o que implica morrer jovem, mas para sempre lembrado. A morte de Heitor, príncipe troiano, anuncia a de Aquiles que, ao final, não conhecerá a vitória dos aqueus na Guerra de Troia.

Odisseu ou Ulisses, rei de Ítaca, ao contrário de Aquiles, conserva-se por meio da astúcia. No começo da narrativa quando todos os reis são convocados por Agamenon, Ulisses se finge de louco para evitar ir à guerra. Recém casado com Penélope e pai de um bebê, Telêmaco, Ulisses é capaz de negar a si mesmo em prol de uma razão moral – estar ao lado da mulher e do filho e gozar a felicidade da vida terrena.

Os historiadores Jean-Pierre Vernant e Marcel Détienne propuseram uma noção peculiar para compreender a complexidade de Ulisses: a métis, uma forma de inteligência astuta que combina conhecimento e experiência com prudência para atuar em situações imprevisíveis que requerem ação imediata. Os deuses, heróis e criaturas da mitologia grega usam de métis, e Ulisses é um dos heróis mais intimamente associados à métis, aquele que sabe esperar pacientemente para que se produza a ocasião esperada para agir.

Por amor à família, Ulisses enfrenta todos os perigos, despreza a paixão de uma ninfa e recusa o amor de uma princesa. Ulisses é ao mesmo tempo o protagonista de uma epopeia e de um romance. Nesse sentido, o personagem se aproxima mais do homem comum de hoje. Não é à toa que a Odisseia tenha inspirado um dos maiores romances contemporâneos “Ulysses” (1922), de James Joyce, que transpõe o percurso do Ulisses homérico para um dia na vida do anti-herói Leopold Bloom, na Dublin provinciana de 1904.

O retorno de Ulisses.

O retorno de Ulisses, Pinturicchio, 1509, Galeria Nacional, Londres.

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Acessar

Fonte

  • HOMERO. A Ilíada, tradução Fernando C. de Araújo Gomes. São Paulo: Ediouro, 1996.
  • HOMERO. A Odisseia, tradução de Carlos Alberto Nunes, São Paulo: Ediouro, 1996.
  • BLEGEN, Carl W. Troia e os troianos, editorial Verbo, Lisboa, 1971.
  • BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia grega. Petrópolis: Vozes, 1988.
  • GUIMARÃES, Ruth. Dicionário da mitologia grega. São Paulo: Cultrix, 1995.
  • TRAIL, David. Schliemann of Troy: Tresure and Deceit, University of California Press, 1995.
  • The Golden Treasures of Troy, Archiv für Kunst und Geschichte, Berlin. Abrams, New York, 1996.
  • VERNANT, Jean-Pierre & DETIENNE, Marcel. Métis: as astúcias da inteligência. Editora Odysseus, 2017.
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