Igatu, distrito do município de Andaraí, na Chapada Diamantina, fica a 112 km de Lençóis. É conhecido como Xique-Xique do Igatu, Cidade de Pedras e pelo apelido “Machu Picchu baiana” por seu casario histórico de pedra do século XIX, resquício da extração de diamantes. A cidade é um verdadeiro museu vivo da história da mineração diamantífera no Brasil.
O garimpo teve início por volta de 1845, cabendo a criação do povoado ao capitão José de Figueiredo, seus dois filhos, genro e alguns escravos, procedentes de Santa Isabel do Paraguaçu (atual Mucugê). Entretanto, acossados pelas febres, eles se retiraram com destino ao Arraial da Serra do Grão-Mogol, em Minas Gerais, onde difundiram a grande fama das minas de Andaraí, o que ocasionou a invasão da região por bandos de garimpeiros que ali se instalaram, vindos de povoados vizinhos.
Com o avanço da exploração, ergueram-se edificações melhores, criou-se o comércio local, indústrias de transformação e capela, e impulsionou o desenvolvimento de toda a região conhecida como “lavras diamantinas”. O povoado recebeu muitos homens que se espalharam pela região e logo trouxeram suas famílias de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e outras províncias. Para a construção das casas, as famílias garimpeiras utilizaram as pedras, material abundante na região.
O fim da escravatura, o começo da República e a concorrência internacional (exploração de diamantes na África do Sul) marcaram o começo da decadência de Igatu. A produção só foi salva graças ao carbonato (o diamante negro), utilizado na indústria, que tinha mercado na construção do Canal do Panamá, na América Central. Mais tarde, seria descoberto o diamante sintético que substituiria o carbonato.
Ao longo do tempo, o impacto ambiental provocado pela atividade garimpeira artesanal provocou o assoreamento nos rios. Isso se agravou no século XX com o garimpo mecanizado: entre 1970 e 1980, dragas com motores a diesel despejaram óleo nos rios contaminando as águas.
O assoreamento dos rios, a devastação das matas nativas e a poluição levaram à extinção da atividade mineradora em 1996. Entretanto, o garimpo individual ainda permanece como um traço cultural e econômico no município. Os garimpeiros buscam a regularização de sua atividade junto aos órgãos públicos responsáveis pela conservação do meio ambiente, com projetos que reduzam o impacto ambiental por meio de reflorestamento e reconstituição do solo explorado.
Na região, existem remanescentes dos quilombos Orobó, Tupins e Andarahy, destruídos em 1796, a mando do fazendeiro Dom Rodrigo de Souza Coutinho. A atual comunidade de Fazenda Velha, nas margens do rio Santo Antônio, é remanescente dos quilombos.
Atualmente, o turismo é a principal atividade econômica de Igatu. A vila possui cerca de 380 habitantes, em sua maioria filhos do garimpo de diamantes. O recenseamento é feito por Amarildo dos Santos, morador local que, todo ano, registra o número de pessoas que nascem, morrem, se casam, chegam ou vão embora da vila, e reúne essas informações em livros manuscritos por ele mesmo e vendidos em sua casa.
A vila é conhecida por ser a terra natal do escritor Herberto Sales que imortalizou o coronel Aureliano Gondim em seu romance “Cascalho”. Como ocorreu em todo o Nordeste, o coronelismo influenciou a vida e os costumes da sociedade do município.
Atrativos históriocos da vila de Igatu:
- Igreja e Cemitério de São Sebastião,
- Praça do Mercado,
- Trilha de acesso ao cemitério,
- Ponte sobre o riacho dos Pombos,
- Morro do Cruzeiro de Cima,
- Poço da Madalena
- Garimpo do brejo, uma antiga mina restaurada para visitação pública,
- Galeria Arte e Memória, um museu a céu aberto com galeria de esculturas e acervo com utensílios utilizados pelos garimpeiros e escravos.
Fonte
Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
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