A Idade do Bronze (3300-3000 a 1200-1000 a.C.) foi o período histórico que se seguiu ao Paleolítico e Neolítico e no qual ocorreu um intenso uso da metalurgia do bronze, resultante da mistura de cobre com estanho. Essa periodização diz respeito às sociedades e civilizações que floresceram em torno do mar Egeu (Europa, Oriente Médio e Egito), no Vale do Indo e na China.
A Ásia Ocidental e o Oriente Médio foram as primeiras regiões a entrarem na Idade do Bronze, começando com a ascensão da civilização mesopotâmica da Suméria, por volta do 4º milênio. No Vale do Indo, no subcontinente indiano, a Idade do Bronze começou por volta de 3300 a.C. com o início da civilização de Harappa que desenvolveu novas técnicas em metalurgia e produziram cobre, bronze, chumbo e estanho.
A datação da Idade do Bronze é diferente para cada cultura.
Na China, os artefatos de bronze mais antigos foram encontrados no sítio cultural Majiayao (entre 3100 e 2700 a.C.), mas, a metalurgia do bronze propriamente dita iniciou-se na dinastia Shang, nos séculos XVI a XI a.C.
Na Tailândia, foram descobertos artefatos de bronze datados de 2100 a.C. Mas, os estudiosos propõem que a Idade do Bronze na Tailândia ocorreu por volta de 1900-1800 a.C.
Na Europa Central, a Idade do Bronze iniciou-se com a cultura Unetice (2300-1600 a.C.), na atual República Tcheca, cujo artefato mais conhecido é o Disco de Nebra. Na Grã-Bretanha e na Península Ibérica, considera-se a Idade do Bronze o período entre 2100 e 750 a.C.
A distribuição desigual das minas de cobre e, especialmente, do raro estanho, necessários para a produção de bronze, levou à formação de uma extensa rede comercial que difundiu não apenas bens, mas também ideias e culturas. A descoberta do Navio de Uluburun, um navio comercial do final da Idade do Bronze, do século XIV a.C., naufragado na costa sudoeste da atual Turquia, demonstra de forma impressionante a diversidade de mercadorias que eram comercializadas a longas distâncias.
Idade do Bronze na América e na África
Os historiadores não utilizam o termo Idade do Bronze para as civilizações pré-colombianas. Há, porém, evidências da produção de bronze arsênico (liga de cobre com uma porcentagem maior de arsênico) em Tiahuanaco, nos Andes centrais. A cultura Moche (séculos I-VII a.C.), no Peru, processava uma liga de cobre e ouro chamada tumbago. O uso mais antigo conhecido de bronze foi encontrado na cultura Chimu (por volta de 1270 a 1470 d.C.), no Peru, depois incorporada no Império Inca.
Na África Ocidental subsaariana, não existiu Idade do Bronze. Ali ocorreu uma transição direta do Neolítico para a Idade do Ferro como indicam as evidências de fundição de ferro na Nigéria (c.900-800 a.C.), Ruanda e Burundi (c. 700-500 a.C.) e Tanzânia ( c. 300 a.C.)
Mudanças sociais provocadas pela Idade do Bronze
A necessidade de organizar ou dominar uma rede de minérios levou a graves convulsões na estrutura social das sociedades antigas. É muito provável que o acesso e o controle dos recursos (metais, especialistas em metalurgia, rotas comerciais e fabricação de navios) tenham levado à diferenciação social com posições de lideranças hereditárias (reis).
Com o bronze foi possível, também, acumular riquezas facilmente transportáveis. Barras de bronze eram usadas como moeda. O surgimento de cidades fortemente fortificadas e a invenção da lança são frequentemente interpretados como uma indicação de um aumento de conflitos bélicos ou predatórios.
A Idade do Bronze é mais conhecida pelo desenvolvimento das primeiras grandes civilizações do Mediterrâneo. Nesse período ocorreram avanços em todos os aspectos da vida humana:
- invenção da escrita e da roda,
- formação de governos centralizados (geralmente sob a forma de monarquias centralizadas),
- criação de códigos legais,
- formação de cidades-Estado, reinos e impérios,
- construção de grandes obras arquitetônicas,
- estratificação social,
- início da escravidão (por dívida e guerra),
- formação de exércitos e guerra organizada,
- desenvolvimento da medicina, astronomia, matemática e astrologia,
- estruturação da religião com ritos e corpo sacerdotal definido.
Foi na Idade Bronze que as Pirâmides de Gizé foram construídas (Antigo Reino do Egito, c. 2613-2181 a.C.) e o Egito conquistou seu mais extenso domínio (Novo Império, c. 1570 – c. 1069 a.C.).
Na Mesopotâmica, o período Uruk (c. 4100-2900 a.C.) viu a invenção da roda e da escrita, entre outros avanços, Sargão da Acádia (2270-2215 a.C.) fundou o primeiro império multicultural do mundo, o Império Acadiano, e Hamurabi mandou gravar suas leis na pedra, o Código de Hamurabi (1.750 a.C.).
Na Anatólia (Turquia atual) floresceu o Império Hitita (1400-1200 a.C.) em torno de sua capital Hattusa, fundada em 2500 a.C.
No noroeste da Mesopotâmia, formou-se o Reino de Mitani (1600-1150 a.C.) que, por volta de 1.350 a.C. era uma das grandes potências da Antiguidade Oriental ao lado dos Hititas, do Egito, da Assíria e da Babilônia. A estreita relação entre os monarcas mais poderosos da época está documentada nas Cartas de Amarna do século XIV a.C., correspondência entre os reis do Egito e do Oriente Médio.
Foi na Idade do Bronze que se desenvolveu a civilização minóica em torno da cidade-fortaleza de Cnossos, em Creta e que atingiu seu apogeu entre 1650 e 1450 a.C.
No mesmo período, floresceu a civilização micênica (1650-1100 a.C.), em torno da cidade de Micenas (na atual Grécia), célebre pela guerra que moveu contra Troia (1250 a.C.).
Colapso da Idade do Bronze
Todo esse avanço e florescimento de civilizações teve um forte declínio no espaço de um século, entre 1250 e 1150 a.C. quando grandes cidades foram destruídas, civilizações inteiras caíram, relações diplomáticas e comerciais foram rompidas, sistemas de escrita desapareceram, houve devastação generalizada e morte numa escala nunca antes experimentada.
O que teria levado ao colapso da Idade do Bronze é tema de discussão entre estudiosos, bem como a data em que provavelmente começou e quando terminou. O que se seguiu foi a Idade do Ferro (c. 1200-550 a.C.).
Fonte
- A Idade do Metal. Enciclopedia Britannica.
- MUHLY, J. D. Rotas comerciais de estanho da Idade do Bronze: novas evidências e novas técnicas auxiliam no estudo das fontes de metal do mundo antigo. American Scientist, v.61, n.4, julho-agosto 1973.
- GIUMLIA-MAIR, A. R.; LO SCHIAVO, F. Le problème de l’étain à l’origine de la metallurgie. Age du Bronze em europe et em Méditerranée. Oxford, England: Archaeopress. 2003.
- CLINE, Eric H. The Oxford handbook of the Bronze Age Aegean. Oxford University Press, 2012.