Estamos chegando ao término do ano letivo e às provas finais. Não é fácil avaliar e os resultados podem surpreender, de forma negativa, os pais e alunos. “Onde foi que eu errei?”, “estudei o dia inteiro e tirei essa nota?”- são perguntas que se repetem na escola e em casa.
O processo de aprendizagem é lento e complexo. A prova tradicional nem sempre (ou quase nunca) fornece um quadro claro do desempenho do aluno para professor e, principalmente, para o próprio aluno. Para isso, uma ferramenta eficiente é a autoavaliação, uma sondagem que permite ao aluno refletir sobre o que estudou e como fez isso.
Por meio de perguntas e respostas, escritas ou orais, o aluno faz uma incursão pessoal em seu percurso de aprendizagem tomando consciência de suas dificuldades ou mazelas. Consciente disso, ele pode rever seu processo de estudo. É a chamada autorregulação que também ajuda o professor a planejar intervenções em aula.
A autoavaliação permite ao aluno reconhecer as próprias falhas: “Preciso bagunçar menos”, “Tenho que ficar quieto e prestar atenção na aula”, “Vou fazer lição de casa sempre” – são comentários comuns durante esse procedimento. Parece que está tudo resolvido, mas não se iluda. Em uma semana, os alunos esquecem tudo o que disseram e retomam os antigos hábitos.
O esforço de mudar não é conquistado a curto prazo. É uma atitude que deve ser estimulada e lembrada a cada momento. A autoavaliação pode ajudar nisso desde que realizada com certa regularidade ao longo do ano, e não apenas no final do ano ou do semestre. A reflexão da aprendizagem deve ser constante.
Outro ponto importante, é estabelecer que aspecto será destacado na autoavaliação. Nada mais ineficiente e massacrante do que entregar ao aluno uma extensa ficha lotada de perguntas de todo tipo para ele responder. É transformar um momento de reflexão em uma exaustiva tarefa formal feita às pressas e sem pensar.
A autoavaliação deve privilegiar um aspecto por vez como procedimento, conteúdo, convivência social ou outro. Isso permite abordar o problema com a classe ou com o aluno em particular com a profundidade que ele exige. A reflexão e o debate mais focados ajudam o aluno (e o professor) a tomar consciência e corrigir as dificuldades.
Principais equívocos na autoavaliação
O exercício de autoavaliação não é uma tarefa fácil e intuitiva para o aluno, e precisa ser conduzido por meio de perguntas que ajudem na autocrítica. Para isso, a elaboração das perguntas deve ser cuidadosa. Os principais erros de uma autoavaliação mal estruturada são:
1. Perguntas genéricas ou abertas demais. O que você aprendeu nesse semestre?” “Como avalia sua aprendizagem?” – são exemplos de perguntas que dão margem a respostas vagas. As perguntas devem ser específicas e objetivas. A ficha de autoavaliação pode fornecer algumas repostas padrão (por exemplo: sim, não, talvez, sempre, nunca) ou uma escala de valores (por exemplo, notas de 1 a 5) para o aluno assinalar. Isso facilita identificar problemas. Uma boa ideia, especialmente para alunos menores, é marcar as respostas com cores pré-definidas. Ao final, os alunos poderão ver claramente seus pontos fortes e fracos.
2. Pedir ao aluno dar a sua própria nota. É algo que nada acrescenta à aprendizagem e tende a enfatizar no aluno comportamentos extremos, da rigidez à condescendência. O objetivo da autoavaliação não é uma classificação por nota, mas ajudar o aluno a assumir a responsabilidade pelo seu próprio aprendizado.
3. Autoavaliação de “tudo junto e misturado”. Já foi dito sobre isso, mas não custa repetir. Querer que uma única autoavaliação dê conta de procedimentos, atitudes, conteúdo, convívio social, práticas de estudo etc. é massacrar o aluno com um volume absurdo de perguntas. Escolha que aspecto pretende estimular uma proveitosa reflexão do aluno.
4. Não comentar o resultado da autoavaliação. O professor tem um papel essencial na autoavaliação do aluno. Este espera do professor um comentário ou uma orientação que lhe permita entender melhor suas dificuldades e em que pontos precisar se dedicar mais ou mudar. Isso desenvolve no aluno a autonomia e autoconfiança.
5. Deixar tudo para o fim do semestre ou do ano. A autoavaliação deve ser realizada ao longo do ano, em diferentes momentos e em situações diversas (após uma prova, a apresentação de um trabalho, a conclusão de projeto etc.). Uma única autoavaliação no final do ano, é ineficiente e até desanimador para o aluno: Agora não dá mais tempo de mudar, ele pode concluir. É preciso identificar logo quais pontos têm de ser melhorados e abordá-los de maneira objetiva ao longo de todo o aprendizado.
Modelos de autoavaliação
As perguntas básicas para uma autoavaliação são:
- Você considerou interessante o trabalho/a pesquisa realizado/a?
- Tinha conhecimentos anteriores que o auxiliaram na realização?
- Foi fácil ou difícil? Se foi difícil, saberia dizer por quê?
- Como você avalia sua participação no grupo? (Realizou tarefas que contribuíram para o trabalho? Sugeriu formas de organizar o trabalho? Colaborou com seus colegas na realização de suas tarefas?).
Uma autoavaliação mais criteriosa que facilite ao professor identificar os problemas deve abordar pelo menos 4 aspectos: responsabilidade, pontualidade e empenho, convivência social e o trabalho realizado.
Cada um desses aspectos, recebe algumas questões que são formuladas na primeira pessoa, afinal, o questionário é uma metalinguagem, isto é, são perguntas que o aluno faz a si mesmo.
Modelo de autoavaliação
Um modelo de autoavaliação para o aluno responder está disponível no site Stud História.
Clique no botão abaixo para acessar o recurso. Material gratuito.
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Fonte
- PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1998.
- BIBIANO, Bianca. Autoavaliação : como ajudar seus alunos nesse processo. Nova Escola. 01 de março de 2010.
- RÉGNIER, Jean-Claude Regnier. Auto-avaliação na prática pedagógica. Revista Diálogo Educacional, v.3, n.6, maio/agosto 2002.
- VIEIRA, Isabel Maria Antunes. A autoavaliação como instrumento de regulação da aprendizagem. Monografia de mestrado. Lisboa : 2013.
- SANMARTÍ, Neus. Avaliar para aprender. Porto Alegre : Artmed, 2009.
- OLIVEIRA, Gildete dos Santos. A auto-avaliação como inovação educacional. Brasília: Universidade Cândido Mendes, 2009.
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[…] FONTE: Ensinar História – Joelza Ester Domingues COMPARTILHAR Facebook Twitter […]