Stíria é um estado no sudeste da Áustria. Entre os séculos XVI e XVIII, a região viveu sob permanente tensão militar e, em muitos momentos, em guerra aberta, contra o poderoso Império Otomano com o qual a Áustria fazia fronteira.
Graz, capital da Stiria, foi o centro da defesa durante as guerras turcas. Para se defender, a Áustria organizou um exército numeroso e equipado com o que havia de melhor na época. Os equipamentos – armas, capacetes, armaduras dos soldados e dos cavalos, canhões e outros materiais de guerras foram guardados no arsenal central de Stíria.
A Áustria contra os otomanos
A coleção do arsenal histórico foi reunida entre 1642 e 1645 quando a ameaça dos turcos otomanos era imediata. Os confrontos ocorriam desde o século anterior quando a Áustria sofreu o cerco de Viena em 1529 e o ataque de 1532 em que mais de 250 mil soldados otomanos foram repelidos a 97 km no sul da cidade, na fortaleza de Güns.
Os otomanos não desistiram. A captura de Viena era uma aspiração estratégica do Império Otomano por ser o ponto de cruzamento das rotas de comércio do Danúbio (Mar Negro –Europa Ocidental), do sul da Europa e do Mediterrâneo Oriental – Alemanha. Durante anos, o Império Otomano empreendeu uma longa preparação logística incluindo a construção de estradas e pontes que conduziam à Áustria, bem como o envio de munições, canhões e outros recursos bélicos, de todas as partes do Império para locais nas fronteiras europeias.
Isso explica a preocupação do governo austríaco em reunir uma enorme quantidade de equipamentos de guerra prontos para serem usados a qualquer momento. Nascia assim o Arsenal de Stíria (Landeszeughaus, em alemão), na cidade de Graz, na Áustria.
História do Arsenal de Stíria
Construído entre 1642 e 1645, o arsenal de Stíria esteve em uso por pouco mais de cem anos. Foi usado na célebre Batalha de Viena, de 1683, quando uma aliança austro-polaco-alemã derrotou os otomanos marcando o fim da expansão otomana na Europa.
Um fato curioso, com o fim das guerras contra os otomanos, a Stíria perdeu sua importância militar estratégica e o Arsenal deixou de ser o centro de abastecimento militar da fronteira. O Arsenal possuía, então, 185 mil itens em seu acervo.
Durante o governo da imperatriz Maria Tereza (1745-1765), o arsenal quase foi fechado e desmantelado; suas armas obsoletas seriam vendidas como sucata. No entanto, o estado da Stíria solicitou sua preservação como um museu. Foi deixado quase intacto, tendo sido em boa parte desarmado. A última vez que uma arma do arsenal foi necessária foi durante as revoluções liberais de 1848 na Áustria.
Em 1882, o prédio foi aberto ao público e, em 1892, tornou-se o Joanneum Universal Museum, como se mantêm até hoje.
Durante a Segunda Guerra Mundial, todo conteúdo do arsenal foi transferido para três castelos em partes remotas do país. Nenhuma perda foi registrada.
Terminada a guerra, os objetos foram trazidos de volta ao edifício original com o apoio do Exército britânico. Em 1946, o Arsenal de Stíria foi reaberto ao público.
As peças foram dispostas da maneira como eram há quatrocentos anos. Armaduras, capacetes, escudos, lanças, espadas, punhais, mosquetes, canhões entre outros equipamentos estão organizados em prateleiras e suportes da maneira “prontos para uso”. A coleção transmite, assim, a atmosfera de um arsenal original do século XVII.
Dos 185 mil itens que possuía em seu tempo áureo, o Arsenal tem, hoje, 32 mil peças – quantidade suficiente para vestir e armar um exército de 5 mil homens. Trata-se do maior e melhor preservado arsenal do mundo.
Veja, nas imagens abaixo, o fabuloso acervo do Arsenal de Stíria.
Fonte
- Styrian Armoury (Landeszeughaus, em alemão). Universal Museum Joanneum. Site oficial.
Joelza
* OBRIGADO, uma curiosidade Bélica Muito Interessante, Única.