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Quem eram os antigos egípcios? DNA de múmias antigas revela novas pistas

31 de maio de 2017

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Os antigos egípcios eram negros? Os egípcios modernos seriam descendentes diretos de egípcios da Antiguidade? Houve continuidade genética no Egito ao longo de sua história? Os invasores estrangeiros (hicsos, kushitas, assírios, gregos etc) teriam mudado a composição genética dos egípcios? Por exemplo, os egípcios se tornaram mais “europeus” depois que Alexandre Magno conquistou o Egito?

Perguntas como essas  há tempos incendeiam o debate em torno da origem dos antigos egípcios. A pesquisa com DNA antigo pode dar pistas para responder essas questões. É o que revela uma pesquisa coordenada pela cientista alemã Verena Schuenemann, recentemente publicada na revista especializada Nature Commnications.

O antigo Egito: encruzilhada de civilizações

O Egito oferece um cenário privilegiado para o estudo da genética populacional como resultado de sua longa história e de sua localização geográfica na encruzilhada de antigas civilizações da África, Ásia e Europa. Em particular o primeiro milênio a.C., quando o Egito foi submetido a uma sequência quase contínua de dominação estrangeira por líbios, assírios, kushitas, persas, gregos, romanos. Seguiram-se, no milênio seguinte, os árabes, turcos e britânicos. Um número crescente de estrangeiros viveu dentro de suas fronteiras dando origem a um intrincado intercâmbio cultural além de um emaranhado genético.

Até agora, o estudo da histórica da população do Antigo Egito baseou-se principalmente em documentos históricos primários, fontes arqueológicas e inferências derivadas da diversidade genética dos egípcios atuais. Tais abordagens fizeram contribuições cruciais para o debate, mas elas têm suas limitações. A interpretação das fontes escritas e arqueológicas é muitas vezes complicada pela representação e preservação seletiva. Além disso, os marcadores de identidade estrangeira (por exemplo, apelidos por etnias, nomes gregos ou latinos) rapidamente se tornavam “símbolos de status” e eram adotados por nativos e estrangeiros.

A análise do DNA antigo oferece uma peça importante no enigma da história da população do Egito e pode corrigir ou complementar inferências obtidas de dados literários, arqueológicos e modernos.

Sarcófago de Tadja, de Abusir el-Meleq, Egito.

Sarcófago de Tadja, uma das múmias de Abusir el-Meleq cujo DNA foi analisado.

Desafios da pesquisa de DNA antigo

A pesquisa de DNA antigo, iniciada na década de 1980 com múmias egípcias antigas e material esquelético, enfrentou muitos desafios por questões que envolvem a autenticação do DNA recuperado e de potenciais contaminações inerentes ao método de PCR (em inglês Polymerase Chain Reaction, reação em cadeia da polimerase), nome do método de criação de cópias de DNA sem uso de um organismo vivo.

Por conseguinte, a preservação do DNA das múmias egípcias era vista ceticismo geral: o clima quente egípcio, os altos níveis de umidade em muitas tumbas e alguns produtos utilizados nas técnicas de mumificação contribuem para a degradação do DNA.

Esses fatores serviram para questionar a validade e a confiabilidade dos resultados obtidos. A análise genética recente da família do faraó Tutancâmon foi um dos últimos estudos controversos que alimentaram esse extenso debate acadêmico.

Contudo, novos dados obtidos com métodos de sequenciamento de alto desempenho têm possibilitado superar as questões metodológicas e de contaminação que envolvem o método de PCR.

Como foi feita a pesquisa

Verena Schuenemann

A cientista Verena Schuenemann examina o maxilar inferior de uma antiga múmia egípcia no Laboratório de Paleogenética da Universidade de Tübingen, na Alemanha.

Coordenada pela cientista Verena Schuenermann, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, a pesquisa representa um marco por aplicar pela primeira vez, com todos os cuidados e rigores necessários, os métodos mais recentes da extração de DNA antigo às múmias do Egito.

Foram extraídas 166 amostras de mtDNA (DNA mitocondrial) de 151 múmias bem como o DNA nuclear (do núcleo das células) de três indivíduos – pertencentes a duas coleções antropológicas da Universidade de Tübingen e da Coleção de Crânios Felix von Luschan mantidos pelo Departamento de Pré-História do Museu Estatal de Berlim.

De acordo com as datas do radiocarbono, as amostras se agrupam em três períodos: Pré-Ptolomaico (Novo Império, Terceiro Período Intermediário e Período Final), Ptolomaico e Período Romano correspondendo a cerca de 1.300 anos de história egípcia. A excelente preservação óssea, incluindo dentes, e a preservação de tecidos moles relativamente bons tornaram possível uma ampla análise.

A necrópole de Abusir el-Meleq

As múmias pesquisadas vieram de Abusir el-Meleq, no Médio Egito, a 115 km ao sul do Cairo. Trata-se de uma antiga necrópole dedicada a Osíris, o deus do mundo dos mortos, segundo a mitologia egípcia. O local foi ocupado de 3250 a.C. até cerca de 700 d.C.

O sítio arqueológico possui vestígios de quatorze pirâmides, uma mastaba e templos solares. Todas construções e tumbas sofreram ao longo dos séculos saques de ladrões e aventureiros atrás de objetos preciosos. Em tempos mais recentes, o local foi intensamente explorado por pesquisadores em busca de papiros.

Mapa de Abusir el-Meleq

O sítio arqueológico de Abusir-el Meleq (marcado com um X laranja) está ao sul do Cairo e próximo a Fayum. Os círculos laranja marcam os locais de onde foram extraídas amostras egípcias modernas.

Resultados da pesquisa

Os genomas mostraram que, ao contrário dos egípcios modernos, os egípcios antigos tinham pouco ou nenhum parentesco genético com as populações negras subsaarianas.

Os dados de DNA antigo revelaram que os laços genéticos mais próximos dos antigos habitantes de Abusir el-Meleq eram com os povos do Oriente Próximo, abrangendo partes da Mesopotâmia e Anatólia (atuais Iraque e Turquia, respectivamente), bem como de Israel, Jordânia, Síria e Líbano. Os pesquisadores encontraram continuidade genética abrangendo o Novo Império e o período romano.

Estima-se que o impacto genético da imigração grega e romana seja mais forte na região do Delta e de Fayum, onde se concentraram a maioria dos assentamentos grego e romano, bem como entre as classes superiores da sociedade egípcia. Sob o domínio ptolomaico e romano, a descendência étnica era crucial para pertencer a um grupo da elite e usufruir uma posição privilegiada na sociedade. Especialmente durante o período romano, pode ter havido incentivos legais e sociais para ser casar dentro do grupo étnico. Por exemplo, cidadãos romanos casarem-se entre si para transmitir a cidadania romana.

Em relação à ascendência subsaariana, os dados sugerem que houve um aumento substancial no fluxo de genes da África subsaariana para o Egito há cerca de 700 anos atrás. Especula-se se a razão desse crescimento tenha sido o tráfico escravo praticado pelos árabes.

Pesquisas futuras

É importante considerar que os dados genéticos foram obtidos de um único sítio no Egito Médio e podem não ser representativos para todo Antigo Egito.

É possível que as populações no sul do Egito estejam mais intimamente relacionadas com as da Núbia e tenham um componente genético subsaariano mais elevado. Ao longo da história faraônica, houve intensa interação entre o Egito e a Núbia, que foram do comércio à conquista e ao colonialismo, e há fortes evidências sobre a complexidade étnica nas famílias formadas por egípcios casados com mulheres núbias, e vice-versa.

São necessários estudos genéticos adicionais que estendam a área geográfico, o espectro social e cronológico permitindo ampliar o quadro atual em variedade, precisão e detalhes.

A metodologia apresentada abre vias promissoras para a futura pesquisa genética e pode contribuir muito para uma compreensão mais precisa e refinada da história da população do Egito.

Fonte

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7 anos atrás

[…] Quem eram os antigos egípcios? DNA de múmias antigas revela novas pistas. Os antigos egípcios eram negros? Os egípcios modernos seriam descendentes diretos de egípcios da Antiguidade? Houve continuidade genética no Egito ao longo de sua história? Os invasores estrangeiros (hicsos, kushitas, assírios, gregos etc) teriam mudado a composição genética dos egípcios? Por exemplo, os egípcios se tornaram mais “europeus” depois que Alexandre Magno conquistou o Egito? […]

angola
angola
6 anos atrás

Quer dizer, em face desta escrita, tais estudos acima nada mais apontam o que Diop(1954) já mostrava em seu Nações negras. A colonização do Egito veio alterar a composição étnico-racial de Kemet. O que é preciso verificar, em face de tal material, são as múmias de períodos anteriores (dinastias 0 a XIV), período e que antecede o domínio do HIcsos, momento em que o Egito passou, entre a retomada do poder por Kamosis (1573 a.C) e desse, a ser dominado por povos como os gregos, romanos… . “O buraco é mai embaixo”

carlos
carlos
6 anos atrás
Responder para  angola

Deixa de ser ignorante, egípcios nunca foram negros, aprende a interpretar texto.

angola
angola
6 anos atrás
Responder para  carlos

Desculpe a minha ignorância, você lê palavras ou lê através delas? Você sabe ler?

welvis
welvis
6 anos atrás

A dois mil anos atrás a Europa tava na idade da pedra ainda,tirando e claro os do mediterrâneo que e tudo mestiço ,nem escrita tinha.Não e ao contrario os europeus tem DNA de egípcios que tem mais de 7000 anos de história conhecida.A verdade e dura mais ta na cara são descendentes daqueles negão la da Etiópia Eritreia.tem jeito não.

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