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Mulheres ao longo da História (2): Egito Antigo

8 de julho de 2020

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BNCC

Mesmo sendo uma sociedade patriarcal e hierárquica, o Egito antigo deixou as mulheres viverem suas vidas e fazerem suas próprias escolhas em muitas áreas. As mulheres foram altamente respeitadas ao longo da história do Egito, e os símbolos femininos aparecem cedo. Os estudiosos identificam o símbolo do tyet, também conhecido como “Nó de Ísis” ou “Sangue de Ísis”, no Antigo Império (c. 2600-2000 a.C.) como a contraparte feminina do ankh, ou cruz ansata, datado no início do período dinástico (c.3150-2600 a.C.).

O tyet, muitas vezes traduzido como “bem-estar” ou “vida”, era frequentemente usado como símbolo funerário e feito de uma pedra vermelha ou de vidro. Especula-se se o tyet representasse o fluxo de sangue menstrual do útero de Ísis e suas propriedades mágicas. O tyet, assim como o ankh, estava relacionado à ideia de vida eterna. Ambos símbolos aparecem em sarcófagos e túmulos tanto de homens quanto de mulheres o que é muito significativo.

  • BNCC: 6° ano – Habilidade: EF06HI19
Djed e Tyet

Relevo mostrando os símbolos do “djed” e do “tyet”. O “djed”, semelhante a um pilar, representa a espinha dorsal (coluna) de Osíris e, por analogia, símbolo da estabilidade. O “tyet”, que se assemelha a um “ankh” com os braços curvados para baixo, é chamado de Nó de Ísis. Sarcófago do faraó Nectanebo II, 30ª Dinastia, c. 360-343 a.C. Mesquita de Attarin, em Alexandria, Egito. (Museu Britânico, Londres).

Muitas das principais divindades do Panteão egípcio eram do sexo feminino e seus poderes e importância estavam em equivalência aos dos deuses. Entre as divindades femininas mais cultuadas do Egito Antigo estavam:

  • Ísis, irmã e esposa de Osíris, a deusa da magia e dos mistérios;
  • Hathor, a deusa do amor, beleza, alegria e da fecundidade;
  • Bastet, a deusa protetora do lar e dos segredos das mulheres;
  • Maat, a deusa da ordem, do equilíbrio mundial, da verdade, da justiça;
  • Nut, simbolizada pelo céu, a mãe dos deuses Osíris, Hórus, Seth, Ísis e Néftis.
  • Seshat, a deusa que presidia a escrita e era a bibliotecária dos deuses;
  • Sequemete ou Sacmis, a deusa guerreira da vingança, da guerra e da cura;
  • Qebhet e Néftis, deusas presentes nos rituais funerários e na vida após a morte.

A crescente tradução de papiros demóticos e gregos tem revelado a participação feminina na administração de bens familiares, compra e venda de propriedades, supervisão do gado, em atividades comerciais, contratos de divórcio, heranças e disputas judiciais.

Há registros de egípcias ocupando cargo de escriba na administração (exceto no Novo Império onde todo serviço real era realizado por homens). Mais raro é encontrar mulheres na alta administração do Estado apesar de se conhecer uma vizir feminina de nome Nebet, durante o reinado de Pepi I (2289-2255 a.C.), da 6ª Dinastia. A próxima só surgiria na 26ª Dinastia (c. 664-525 a.C.).

Egípcias médicas eram mais comuns. Peseshet, que viveu durante a 4ª Dinastia (c.2500 a.C.), foi a primeira mulher médica conhecida da história. Recebeu vários títulos incluindo o de “chefe dos médicos” e pode ter sido associada à escola do templo em Saís e, inclusive, médica pessoal do faraó. Antes dela, há menções a Merit-Ptah como médica, da 2ª Dinastia (c. 2700 a.C.), embora haja dúvidas quanto a sua existência uma vez que os registros dessa época estão muito fragmentados.

As mulheres egípcias tinham um estatuto legal diferenciado se comparado às suas vizinhas do Mediterrâneo. Na sociedade egípcia, masculino e feminino não eram categorias em oposição, mas complementares.

Ao se casar, a mulher egípcia mantinha o seu nome, no máximo acrescentava “esposa de fulano”. O casamento encarnava a vontade de um homem e uma mulher de viverem juntos, o que não impedia (mas também não exigia) a existência de um contrato de casamento no nível material. O divórcio era uma decisão do casal e não um assunto a ser resolvido judicialmente. Na separação, a propriedade era dividida entre ambos; o recurso ao tribunal era possível no caso de uma disputa entre o casal.

Rainhas poderosas

Cultuando deusas tão poderosas quanto os deuses, os egípcios tinham uma ideia de poder real diferente da de seus vizinhos no Mediterrâneo. O trono egípcio pertencia a quem possuísse sangue real – esse era o único critério de acesso ao poder soberano. A legitimidade divina era transmitida pela esposa real e, no caso de não haver herdeiro, a mulher com sangue real assumia a função suprema, a de faraó.

Segundo a arqueóloga Kara Cooney, os egípcios antigos acreditavam na sabedoria das mulheres no poder. No caso de uma crise política, eles escolhiam uma mulher para preencher o vazio. Enquanto em outras sociedades, uma criança sucessora era comumente destronada por um adulto ambicioso pelo poder, os soberanos no Egito, venerados como deuses encarnados, eram protegidos e defendidos por mães, tias ou irmãs. O costume iniciou-se ainda na 1ª Dinastia, quando Neithotep (c.3150-2600 a.C.), esposa do faraó Narmer (também conhecido como Menés), governou após a morte do marido como regente de seu filho Hor-Aha. Foi a primeira rainha regente da história do Egito. Outra rainha do mesmo período foi Merneith (c. 2990 a.C.), esposa de Djet, que assumiu o trono em nome de seu jovem filho, Den. Em tempos de incerteza, ter mulheres no poder costumava ser a melhor opção do patriarcado e da estabilidade.

Entre uma dezena de rainhas-faraós conhecidas, a mais famosa foi Hatshepsut, filha e esposa de Tutmés I, da 18ª Dinastia. Por mais de vinte anos (c. 1470-1450 a.C.) ela governou o Egito sob uma era de prosperidade econômica e de relativo clima de paz. Ela foi responsável pelo comércio bem-sucedido (como sua famosa expedição à Terra de Punt), campanhas militares e grandes construções monumentais incluindo a ampliação do Templo de Amon, em Karnak.

Mulheres egípcias poderosas (da esquerda para a direita): Tiye, esposa de Amenófis III; Nefertiti, esposa de Amenófis IV ou Aquenáton; Nefertari, esposa de Ramsés II; Hatshepsut, que governou como rainha-faraó por vinte e dois anos

É importante lembrar, também, do papel considerável da Grande Esposa Real, algumas das quais se celebrizaram pela influência política e diplomática que exerceram junto ao faraó, entre as quais:

  • Ti ou Tiye, esposa de Amenófis III (18ª Dinastia, séc. XIV a.C.)
  • Nefertiti, esposa de Amenófis IV ou Aquenáton (18ª Dinastia, séc. XIV a.C.)
  • Nefertari, esposa de Ramsés II (19ª Dinastia, séc. XIII a.C.)

Vê-se, portanto, que Cleópatra VII (69-30 a.C.), a rainha-faraó mais célebre da história, mesmo sendo de linhagem grega, deu continuidade a costumes egípcios milenares em que mulheres ascenderam ao poder e desenvolveram conhecimentos.

As mulheres no Egito continuaram exercendo autoridade na medicina e nas ciências até o triunfo do cristianismo no país no século IV d.C. A evidência mais clara disso foi Hipátia de Alexandria (c. 370-415 EC), a filósofa, matemática e astrônoma que lecionou e dirigiu a Academia de Alexandria, frequentada unicamente por homens. Mulher respeitada por seus conhecimentos e genialidade (ela teria construído um astrolábio que só seria repetido no século IX), Hipátia acabou sendo vítima do fanatismo religioso e das disputas políticas de seu tempo – mesmo não tendo se envolvido nessas questões.  Seu assassinato por uma multidão cristã marcou o fim de uma era de 3000 anos em que a mulher ocupou um lugar de respeito na história do Egito.

Fonte

  • NOBLECOURT, Christiane Desroches. A mulher no tempo dos faraós. São Paulo: Papirus, 1994.
  • MONTET, Pierre. O Egito no tempo de Ramsés. Círculo do Livro, 1989.
  • BOONEY, Kara. When women ruled the world: six queens of Egypt. Kindle Edition, 2018.

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