Mucugê, uma das mais antigas cidades da Chapada Diamantina (foi fundada no século XVIII), foi primeira localidade baiana onde foram encontrados diamantes de real valor. A descoberta das jazidas, ocorrida em 1844, foi feita por um garimpeiro conhecido como Cazuza do Prado que encontrou as primeiras pepitas no cascalho do rio Mucugê. Após a revelação da descoberta, houve uma corrida desenfreada de milhares de pessoas em busca do sonho da riqueza rápida. Em 1848, já havia no local uma população de mais 30.000 habitantes, a maioria garimpeiros e comerciantes. Surgia, assim, a povoação de Mucugê do Paraguaçu.
A mineração seguiu o curso dos rios de Contas e Paraguaçu e se expandiu rapidamente pela região. Pouco depois, em 1845, foram descobertos os ricos garimpos do rio Lençóis, que despertaram imediatamente o interesse dos compradores de diamantes instalados em Mucugê.
Vieram para a região mais garimpeiros, comerciantes da capital e senhores de engenho do Recôncavo Baiano com seus escravos. Em 1847, a povoação foi desmembrada de Rio de Contas e elevada à categoria de vila com o nome Vila Santa Isabel do Paraguaçu. A vila recebeu o nome de Mucugê, em 1917, quando foi elevada categoria de cidade.
A partir de 1871, a importância econômica da vila começou a decair – como aconteceu com outros centros diamantíferos – devido à concorrência dos diamantes da África do Sul.
Com o declínio da extração de diamantes, desenvolveram-se as lavouras de cana, cereais, algodão e café, na margem direita do rio de Contas. Na margem direita, surgiram fazendas de criação de gado. Uma nova fonte de recursos para a população foi a coleta e exportação de sempre-viva, flor típica da região e muito valorizada no mercado.
O conjunto arquitetônico e paisagístico de Mucugê, especialmente o cemitério da cidade, foi tombado, pelo Iphan, em 1980. O patrimônio é constituído por casas térreas e sobrados característicos da segunda metade do século XIX, além de duas igrejas, a matriz de Santa Isabel e a igreja de Santo Antônio.
O acervo arquitetônico urbano é constituído por 300 casas térreas e 10 sobrados, a maior parte de uso exclusivamente residencial. A arquitetura colonial está bem preservada. Os casarões em estilo português, datados da segunda metade do século XIX, foram edificados, na sua maioria, em adobe ou pedra. A cidade possui ruas muito limpas, onde chamam a atenção seus jardins e canteiros muito floridos.
Além da deslumbrante beleza da paisagem local, marcada por cachoeiras, vales e cânions, o patrimônio cultural é enriquecido com as histórias de lutas pela posse do garimpo, contra a invasão da Coluna Prestes e dos coronéis. Um dos atrativos naturais é o Alto do Capa Bode, considerado um local de contemplação onde habitantes e visitantes garantem que ali avistaram objetos voadores não identificados (OVNIs).
Atrativos históricos Mucugê
- Cemitério de Santa Isabel, localizado entre o núcleo histórico e a encosta rochosa da serra, caracteriza-se pelo conjunto de mausoléus que reproduzem miniaturas de fachadas de igrejas e capelas caiados de branco – o que lhe valeu o nome de “cemitério bizantino”. Começou a ser construído em 1854, pela Câmara Municipal. A obra foi concluída em 1886, quando uma epidemia assolou a vila.
- Igreja Matriz de Santa Isabel – Erguida em meados do século XIX, pelo frei Caetano de Troyria, com grande auxílio da população, em um terreno doado pelo coronel Reginaldo Landulpho. Tem uma fachada neoclássica com três naves internas e um coro em formato de U. Foi totalmente restaurada pelo Iphan, em 2014.
- Igreja de Santo Antônio, foi restaurada pelo Iphan em 2012, e hoje se encontra totalmente revitalizada.
- Museu e Arquivo Público, criado em 1996, preserva a memória regional com um rico acervo do cotidiano do tempo das lavras diamantinas.
- Museu Vivo do Garimpo, dentro de uma “toca”, antiga moradia de garimpeiros, tem exposição de objetos usados na mineração e a réplica do maior diamante encontrado no mundo.
- Projeto Sempre-Viva, criado com o objetivo de preservar a sempre-viva, flor endêmica da região e ameaçada de extinção. Realiza atividades de educação ambiental, proteção da flora, geo-processamento e confecção de mapas, além de pesquisas em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana.
Fonte
Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
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