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Rendição do Japão, fim da Segunda Guerra Mundial

02 de setembro de 1945

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No dia 2 de setembro de 1945, o Ministro das Relações Exteriores do Japão, Shigemitsu Mamoru, representando o imperador Hirohito, assinou a rendição incondicional do Japão a bordo do USS Missouri na Baía de Sagami, perto de Tóquio, às 9 horas da manhã.

Os Aliados estavam representados pelo general Douglas MacArthur (Estados Unidos), almirante Bruce Fraser (Reino Unido), tenente-general Kuzma N. Derevyanko (União Soviética), major-general Jacques-Philippe Leclerc (França), general Thomas Blamey (Austrália), coronel Moore Cosgrave (Canadá), almirante Conrad Helfrich (Holanda), general Xu Yongchang (China) e vice-marechal Leonard M. Isitt (Nova Zelândia).

A rendição do Japão significou o fim da Segunda Guerra Mundial. Na Europa, a guerra havia terminado em 7 de maio de 1945 com  a assinatura da capitulação de tropas alemãs aos aliados.

Antecedente imediato: a Declaração de Potsdam

Em 26 de julho de 1945, a Declaração de Potsdam, assinada pelos Estados Unidos, Reino Unido e China, estabeleceu um ultimato ao Japão exigindo sua rendição. O último artigo da declaração (13) especificava:

“Conclamamos o governo do Japão a proclamar agora a rendição incondicional de todas as forças armadas japonesas e a fornecer garantias adequadas de sua boa-fé em tais ações.

“Exigimos do governo japonês que anuncie agora a rendição incondicional de todas as forças japonesas […]. A alternativa para o Japão é sua destruição rápida e completa “

Outros artigos regulamentavam o status pós-guerra do Japão, entre eles: ocupação do país pelos aliados (artigo 7), desarmamento das forças armadas (artigo 9), julgamentos de crimes de guerra (artigo 10), controle da indústria japonesa para o pagamento de reparações e a prevenção de novos armamentos (11), estabelecimento de um governo democrático, com liberdade de expressão, de religião, liberdade de pensamento e direitos humanos (artigo 10).

No entanto, o governo e as forças armadas do império não reagiram, mas o povo exigiu a vitória final ou o abandono próprio.

Os bombardeios e a rendição do Japão

Sem resposta ao ultimato, o Alto Comando dos EUA decidiu usar a bomba atômica contra alvos japoneses: Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto). Nesse meio tempo, em 8 de agosto, a União Soviética declarou a Operação Auguststurm contra o Japão ocupando os estados vassalos japoneses da Manchúria, Coreia e as Ilhas Curilas. Foi a primeira ação militar da União Soviética contra o Império Japonês durante a Segunda Guerra Mundial.

Em 14 de agosto, mais de 800 bombardeios B-29 dispararam novamente contra alvos no Japão com bombas convencionais.

Finalmente, em 15 de agosto de 1945, foi lido pelo o decreto do imperador Hirohito reconhecendo os termos da Declaração de Potsdam. Menos de duas semanas depois, em 28 de agosto, começou formalmente a ocupação do Japão pelo comandante supremo das Forças Aliadas, general Douglas MacArthur. Seguiu-se a assinatura da capitulação, em 2 de setembro.

Prisioneiros de guerra japoneses em Guam se curvam diante da transmissão de rádio na qual o imperador Hirohito anuncia a rendição.

Atos finais

Em 9 de setembro de 1945, o Exército Japonês da China capitulou com cerca de 1 milhão de homens em Nanjing (Nanquim) para os chineses nacionais sob Chiang Kai-shek.

As forças japonesas no sudeste da Ásia capitularam apenas em 12 de setembro de 1945 em Cingapura contra as forças aliadas.

O avanço soviético no Japão foi interrompido no começo de setembro. Na Coreia, as forças soviéticas estacionaram no paralelo 38, quando as tropas americanas desembarcaram na Incheon, no sul do país.

O Japão ocupado

Ministro das Relações Exteriores do Japão assina a Ata de rendição do Japão a bordo do USS Missouri.

O governo imperial japonês somente aceitou os termos da Declaração de Potsdam depois de ter garantias de que o Imperador Hirohito não seria removido do cargo e fosse mantida a instituição imperial. Com isso, as negociações de paz com o Japão foram bem diferente da ocorrida na Alemanha, que foi ocupada pela União Soviética e Estados Unidos.

O Japão foi ocupado apenas pelas tropas dos Estados Unidos, enquanto os soviéticos permaneceram apenas nos territórios que haviam ocupado, como o norte da China e a Manchúria.

Os Estados Unidos mantiveram Hirohito como imperador, com poderes limitados pela nova Constituição japonesa de 1947. Parte das forças armadas japonesas foi mantida sob comando dos Estados Unidos, que as utilizou para manter o controle sobre a Coreia do Sul e Taiwan. Elas chegaram a participar da Guerra da Coreia (1950-1953), sob comando americano.

Essa situação sui generis possibilitou ao governo japonês criar uma “narrativa oficial” que isentava o Imperador de qualquer culpa. Apenas uma parcela da elite japonesa foi condenada. A narrativa oficial suprimiu os atos de violência cometidos pelos japoneses durante a guerra e destacou apenas as agressões sofridas. A decisão do Imperador de aceitar a rendição após o uso das bombas foi interpretada como uma intervenção divina do Imperador, que estava comovido com o sofrimento da população japonesa.

Essa “narrativa oficial” manteve-se muito forte até a década de 1980 e foi destaque na cultura popular japonesa, sobretudo na televisão. Até hoje, ela é bastante utilizada por grupos políticos conservadores para negar qualquer responsabilidade do Japão na Guerra da Ásia. Hirohito foi Imperador do Japão até sua morte, em 1989.

Soldados americanos em Paris celebram a rendição do Japão, 2 de setembro de 1945.

Fonte

  • Dower, John W. Embrancing defeat. Japan in the Wake of Worlf War II. Norton & Company, 2000.
  • Smith, Jim B.; Malcolm McConnell. A última missão: a história secreta da batalha final da Segunda Guerra Mundial. Imago, 2003.
  • IGARASHI, Yoshikuni. Corpos da memória: narrativas do pós-guerra na cultura japonesa (1945-1970) São Paulo: Annablume, 2011.

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