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Fundação do Museu Real (Museu Nacional), Rio de Janeiro

06 de setembro de 1818

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No dia 6 de setembro de 1818, D. João VI fundou o Museu Real (atual Museu Nacional da UFRJ) a fim de estimular a pesquisa científica no Brasil. O Museu Real funcionava, então, no Campo de Santana. Ao longo dos primeiros anos, o Museu abrigou materiais de botânica, minerais, animais empalhados em uma grande variedade para a época.

Após o casamento de D.Pedro I com a Imperatriz Leopoldina, o Museu começou a receber ainda mais investimentos. Naturalistas e entusiastas artísticos e científicos da época decidiram vir para o Brasil trabalhar no Museu.

À época, Carl Friedrich Philipp von Martius e Georg Heinrich von Langsdorff contribuíram para a ascensão do museu. A chamada expedição Langsdorff havia percorrido mais de 16.000 km pelo interior do Brasil, entre 1824 e 1829, fazendo registros dos aspectos variados da natureza e sociedade, constituindo o mais completo inventário do Brasil.

O Museu Nacional no Campo de Santana, em 1870

Durante o reinado de dom Pedro II, o Museu recebeu novos investimentos em antropologia, arqueologia e paleontologia. O imperador era um entusiasta e amante da ciência e doou seu acervo pessoal ao Museu formado por peças egípcias, gregas e romanas antigas. Nesta época, o Museu já era reconhecido como o centro mais importante no estudo da História Natural e Ciências Humanas da América do Sul.

A Quinta da Boa Vista

O imponente edifício na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro, que atualmente abriga o Museu Nacional, foi construído por volta de 1803 pelo português Elias Antônio Lopes, político e traficante de escravos para lhe servir de residência. O casarão foi erguido sobre uma colina, da qual se tinha uma bela vista do mar e da Baía da Guanabara – o que deu origem ao atual nome Quinta da Boa Vista. De suas laterais, era possível ver o morro do Corcovado e a floresta da Tijuca.

Com a chegada da família real em 1808, e sem espaços residências no Rio de Janeiro, Elias doou a sua propriedade para o príncipe-regente D. João transformá-la na residência real. Em troca, Elias recebeu outras propriedades, condecorações e dinheiro.

A Quinta da Boa Vista em 1817, então residência de D. João VI.

O casarão foi reformado à época do casamento de D. Pedro com a arquiduquesa Maria Leopoldina em 1816, estendendo-se até 1821. Foi encarregado do projeto o arquiteto inglês John Johnston, que, além da reforma do paço, fez instalar um portão monumental em sua entrada.

Após a independência, o agora Paço Imperial sofreu nova reforma que durou todo o primeiro reinado. As obras foram executadas pelo arquiteto português Manuel da Costa (1822-1826), posteriormente substituído pelo francês Pedro José Pézerát (1826-1831), autor do projeto em estilo neoclássico do edifício. O Paço recebeu um segundo torreão e um terceiro pavimento.

Uma terceira reforma foi feita a partir de 1847, pelo brasileiro Manuel Araújo de Porto-Alegre, que harmonizou as fachadas do edifício, seguido pelo alemão Theodor Marx (1857 e 1868), época em que o pintor italiano Mario Bragaldi decorou vários aposentos interiores e quando foram feitas obras de embelezamento dos jardins.

Vista do Paço de São Cristóvão por Jean-Baptiste Debret.

Moradores ilustres

No Palácio de São Cristovão residiram D. Pedro e Maria Leopoldina, nasceram suas filhas e o futuro dom Pedro II, e ali faleceu a imperatriz, em 1826.

Próximo à Quinta da Boa Vista, vivia Domitila de Castro Canto e Melo, a marquesa dos Santos, em um casarão presenteado por D. Pedro I e onde hoje funciona o Museu do Primeiro Reinado, no bairro de São Cristóvão.

Na Quinta cresceu, foi educado e viveu D. Pedro II com a imperatriz Tereza Cristina, e onde nasceu a princesa Isabel.

O palácio vira museu

Com o fim do Império, a República precisava apagar os símbolos que representassem o Brasil Império. O Palácio de São Cristovão já havia sediado a primeira Assembleia Constituinte República. Promulgada a Constituição, a antiga residência imperial, recebeu nova identidade sendo destinada ao uso do museu, em 1892.

A partir de 1946, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ passou a gerenciar o Museu que abrigou vários departamentos da Universidade (Antropologia, Botânica, Etnologia, Entomologia, Geologia, Paleontologia e Zoologia). Era um museu de exposição, mas também de pesquisa contando com a participação de dezenas de pesquisadores brasileiros e estrangeiros e cerca de 500 alunos.

O Museu Nacional, foto de 2011.

Acervo do Museu Nacional

O Museu Nacional contava com um acervo de mais de 20 milhões de itens em diversas áreas: geologia, paleontologia, botânica, antropologia, arqueologia, linguística etc. Possui uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil, com mais de 470 000 volumes e 2 400 obras raras.

Fazia parte de seu enorme acervo de milhões de itens:

  • Meteorito de Bendegó, o maior já encontrado no Brasil e um dos maiores do mundo, pesando 5,36 toneladas e medindo mais de 2 metros de comprimento. Descoberto em 1784 no sertão da Bahia.
  • Fósseis de pterossauros, alguns com esqueletos completos.
  • Esqueletos de dinossauros como o Maxakalisaurus topai de 13 metros de comprimento e 9 toneladas de peso encontrado em Minas Gerais; o crânio de um Tyranossaurus rex proveniente de Dakota do Sul, EUA; o esqueleto completo de preguiça gigante (Eremotherium laurillardi), encontrado em Jacobina, na Bahia
  • Crânio de Luzia (c. 11.500-13.000 A.P.), o mais antigo fóssil humano das América, descoberto em Lapa Vermelha, Lagoa Santa, Minas Gerais.
  • Coleção egípcia com mais de 700 itens, a maior da América Latina contando, entre outras peças, o sarcófago egípcio de c. 750 a.C. ainda com a múmia em seu interior.
  • Coleção de arqueologia clássica com 750 peças de origem grega, romana, etrusca e italiota, a maior de seu gênero da América Latina, contendo afrescos de Pompeia, cerâmicas, esculturas.
  • Coleção pré-colombiana com cerca de 1.800 artefatos de povos andinos, amazônicos e mesoamericanos, incluindo múmias incas.
  • Coleção de arqueologia brasileira com peças da cultura Marajoara, Santarém, povos sambaquieiros, Tupi-Guarani entre outros.
  • Coleção de etnologia indigena brasileira abrangendo mais de 30.000 objetos de mais de cem grupos indígenas de todas as regiões do Brasil incluindo registros sonoros de línguas, cantos e narrativas de culturas indígenas.
  • Coleção de etnologia africana e afro-brasileira constituída por aproximadamente 700 objetos entre eles o trono do Reino de Daomé ofertado a dom João VI pelo rei Adandozan.
  • Acervo de culturas do Pacífico com artefatos da nova Guiné, Havaí, Polinésia, Nova Zelândia, ilhas Aleutas etc.

O descaso e o incêndio

Ao longo dos anos, o Museu apresentava sinais visíveis de má conservação: fios elétricos expostos, rachaduras, queda de lajes internas, paredes degradadas e ausência de política anti-incêndio. A possibilidade de um incêndio era anunciada desde 2004. Os seguidos cortes orçamentários desde 2014 impossibilitavam a reforma e a manutenção da estrutura do Museu.

Após o dia de visitação de 2 de setembro de 2018, um domingo, um incêndio de imensas proporções atingiu todos os andares do prédio. Os bombeiros foram acionados às 19h30, porém, mesmo chegando rapidamente à Quinta da Boa Vista, pouco puderam fazer. Os materiais eram altamente inflamáveis: madeira, papel, penas, tecidos.

Cerca de duas horas depois, às 21h30, as chamas já se mostravam incontroláveis. Labaredas e estrondos faziam a vista e a sonora da triste situação.

Por volta das 22h do mesmo dia, as coleções já haviam sido destruídas pelas chamas. O gigante acervo com esqueletos de preguiça gigante, o crânio de Luzia e os documentos dos séculos passados foram destruídos e/ou danificados.

Museu Nacional consumido pelas chamas na noite de 2 de setembro de 2018.

Renascendo as cinzas

Em 19 de dezembro de 2018, o Congresso Nacional aprovou R$ 55 milhões do orçamento da União para o Museu e outros 30,4 milhões de reais foram destinados  para uso nas obras de recuperação do acervo e infraestrutura. Essa verba foi recebida após a repercussão do incidente, que provocou manifestações denunciando o descaso do governo, e debates acalorados em redes sociais em torno da manutenção da instituição histórica. A verba foi indicada por deputados da bancada do Rio de Janeiro e apresentada como emenda impositiva, aprovada pela Comissão Mista de Orçamento.

Em 17 de janeiro de 2019 o Museu Nacional inaugurou sua primeira exposição após o incêndio que destruiu seu acervo. O acervo das pesquisas sobre fósseis de animais marinhos, elaborado por funcionários da instituição, foi exposto no prédio da Casa da Moeda. O público pôde encontrar fósseis de 80 milhões de anos.

A primeira etapa foi a restauração da fachada. As 31 estátuas de divindades gregas que decoravam o alto da fachada foram restauradas e réplicas foram colocadas no lugar. Oito estátuas foram espalhadas no jardim em frente ao museu. Em 2 de setembro de 2022, o Museu Nacional reinaugurou a fachada e o jardim do terraço. Em comemoração dos 200 anos da Independência do Brasil, algumas exposições também foram abertas em diferentes áreas do museu.

Segundo o diretor do museu, Alexander Kellner, o investimento necessário para a recuperação é de R$ 445 milhões de reais, e desse total já foram captados em torno de 60%. Ele também ressalta que o prazo final para a entrega da obra é 2028, mas várias etapas já estão sendo concluídas ao longo deste período, com uma proposta diferenciada de instituição.

Fachada restaurada do Museu, foto de 2022.

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