Em 10 de setembro de 1898, foi assassinada Elizabeth Amélia Eugênia, imperatriz da Áustria e rainha consorte da Hungria, popularmente conhecida por “Sissi”.
O crime ocorreu em Genebra, na Suíça, e foi cometido pelo anarquista italiano Luigi Lucheni. A imperatriz viajava incógnita e não era alvo do assassino. Este pretendia matar o príncipe d’Orleans, herdeiro do trono da França, mas ao saber que ele já havia morrido saiu à rua disposto a matar qualquer outra personalidade que se encontrasse na cidade.
Sissi, então com 61 anos de idade, foi golpeada no coração por um fino estilete em forma de agulha. Seu assassinato testemunha a violência anarquista que sacudiu a Europa no final do século XIX e começo do XX.
Poucos anos depois, o assassinato de outra personalidade política, Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro (atentadi de Sarajevo), foi o estopim da Primeira Guerra Mundial, em 1914.
Sissi foi imortalizada no cinema através da trilogia de grande sucesso do realizador austríaco Ernst Marischka – Sissi (1955), Sissi, a Imperatriz (1956) e Sissi e Seu Destino (1957). Todos protagonizados pela atriz austro-francesa Romy Schneider.
Sissi, uma mulher fora do seu tempo
A autópsia de Sissi revelou que ela tinha uma tatuagem no ombro: uma âncora para expressar sua afeição pelo mar. O fato causou assombro na corte austríaca. Era mais uma das excentridades da imperatriz.
Sissi casou-se aos 16 anos com o imperador Francisco José I, seu primo, então com 24 anos. Teve quatro filhos: Sofia Frederica (que morreu ainda criança), Gisela, Rudolfo e Maria Valéria.
A vida na corte de Viena foi difícil. A nobreza austríaca a via com desdém pelos seus modos informais. A sogra, a arquiduquesa Sofia, era uma mulher dominadora e possessiva, que manteve Sissi afastada até da educação de seus filhos.
Essa situação somada aos intermináveis compromissos do imperador contribuíram para a solidão de Sissi e sua tendência à depressão. Sofreu de uma doença nos pulmões, possivelmente psicossomática. Isso a levou a viajar para lugares mais quentes como a Ilha da Madeira e as ilhas gregas, ausentando-se dois anos da corte austríaca. Ao longo dos anos, Sissi tornou-se cada vez mais ausente em viagens pela Europa. Ásia Menor e norte da África. Chegou a arrumar uma companhia feminina para o imperador não se sentir tão sozinho.
Sissi adorava equitação, caçada, exercícios físicos e longas caminhadas que duravam até oito horas para desespero de suas damas de companhia. Em cada uma de suas residências havia uma academia completa com equipamentos variados, argolas, barra horizontal e halteres.
Era extremamente vaidosa e obsessiva com o seu peso. Numa época em que a magreza não era um padrão de beleza, Sissi pesava 45 quilos, distribuídos por 1,73 m. Ela se pesava três vezes ao dia e cuidava de manter sua cintura de vespa, de 46 cm, apertada em espartilhos.
Por mais magra que estivesse, nunca estava satisfeita com a própria figura. Fazia dietas radicais: alimentava-se de meia dúzia de laranjas por dia ou passava dias a base de sopa rala e caldo de carne. Acreditava que choques térmicos ajudavam a perder peso e tomava banhos de vapor mergulhando em seguida numa banheira gelada com água a 7 graus. Por volta de 1895, foi diagnosticada com desnutrição e tuberculose.
Sissi era obsessiva com a beleza. Coleciona fotografias de outras mulheres bonitas só para lhe servirem de comparação. Sua toalete era demorada: só os cabelos, que chegavam até os pés, levavam cerca de três horas para serem penteados e arranjados.
A partir dos 32 anos não se deixou mais ser fotografada nem retratada nas pinturas. Queria perpetuar sua imagem bela e jovial. Com o passar dos anos, ela passou a cobrir o rosto quase permanentemente com véus escuros, para que não notassem as marcas da idade.
O suicídio do filho, em 1889 (Rodolfo, com 30 anos foi encontrado morto ao lado da amante, de 17 anos) contribuiu para mergulhar Sissi numa depressão profunda, da qual ela nunca conseguiu se recuperar. Vestiu luto pelo resto de seus dias. O episódio, que ficou conhecido por Incidente Mayerling, serviu para aumentar ainda mais o interesse do público pela imperatriz, que já era um ícone, assediada onde quer que fosse.
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