A arriscada travessia de um piloto brasileiro, na Itália, durante a II Guerra Mundial que ousou encarar o inimigo em seu próprio território. Um exemplo de coragem, perseverança e ousadia para chegar às linhas aliadas, por quase 30 dias e percorrendo mais de 450 km. Baseado na história real de Danilo Marques Moura (1916-1990), 2º Tenente da Esquadrilha Amarela do 1°GAvCa (Grupo de Avião de Caça), da FAB (Força Aérea Brasileira).
Texto enviado por Joaquim Augusto Domingues, pesquisador de História Militar e autor da fanpage “Contos do Céu” (www.facebook.com/pages/Contos-do-Céu).
Parte 1 – Derrubado em território inimigo
- 4/fevereiro/1945, nas proximidades de Castelfranco, norte da Itália.
As balas convergiram sobre o terreno, arrancando tufos de terra e faiscando nos trilhos de aço. Em seu traçado mortal finalmente encontraram a caldeira fervente da máquina, fazendo a locomotiva desaparecer em meio ao vapor e chamas que escapavam pelos dutos arrebentados. Podia-se jurar ter ouvido a explosão.
Para evitar aquele inferno escaldante, Danilo trouxe o manche ligeiramente para si e empurrou o acelerador um pouco à frente. O Thunderbolt obedeceu imediatamente levantando o nariz, enquanto seu piloto espichava a cabeça para trás para observar o efeito do seu ataque.
Súbito um estremecimento, um estalido agudo e metálico do motor, seguido de uma brutal perda de potência. Uma fumaça densa e preta golfou para fora das capotas do motor, cobrindo o para-brisas blindado de óleo quente e viscoso. O piloto quis ver os instrumentos no painel, mas a cabine já era um nevoeiro confuso.
O P-47 já era! Gritou pelo rádio que havia sido atingido e ia pular.
Célere, Danilo ejetou a cobertura, soltou os cintos e numa última manobra com o avião puxou o manche com força. De pé sobre o assento, empurrou o corpo para cima.
Ao sentir o ar externo gelado, sabia que não havia tempo para nada e ainda dando cambalhotas no ar, liberou o anjo de seda branca, no tempo exato de frear o corpo. Bateu com a bunda no chão, soltando um gemido de dor.
Atarantado pelo choque e sentado sobre a neve, sentiu a boca se encher de sangue. Tão logo o raciocínio voltou, sacou sua Colt do coldre e aguardou alguns minutos, apurando os ouvidos e todos os sentidos.
No campo aberto e coberto de neve notou alguns montes de palhas do trigo colhido. Correu até um deles e se escondeu. Não demorou muito e uma pessoa se aproximou. Danilo apertou a Colt na mão. Um italiano fazendeiro e muito humilde apareceu, falando algumas palavras. Pediu ao piloto brasileiro que se escondesse totalmente nas palhas e repetiu várias vezes que iria voltar mais tarde.
As horas seguintes foram terríveis. Em meio à palha escura e gelada Danilo lutava intimamente com os pensamentos sobre o que aconteceria em seguida. As perspectivas eram sombrias.
Fez alguns cálculos, estimando estar no mínimo 350 quilômetros da Base. Lembrou-se da sua família lá em Cachoeira do Sul, no RS, tão distante. Pensou se não tinha feito besteira em deixar o italiano sair fora. Deveria ter-lhe metido uma bala. Pensou um monte de coisas.
Aquela madrugada encontrou-o entorpecido e abatido pelo cansaço, mas não vencido. A língua ferida inchara, tornando quase impossível falar.
Na manhã seguinte e como havia prometido, o italiano voltou, trazendo-lhe comida. Enquanto comia, com muita dificuldade por causa da língua, começou a repassar mentalmente as orientações dadas no treinamento de fuga. As primeiras 24 horas tinham transcorrido e com isso, suas chances de escapar, aumentaram ligeiramente.
Trocou suas roupas de voo pelas roupas surradas do italiano. Distribuiu pelos bolsos os itens do estojo de fuga, meteu um boné na cabeça e tal como um sujeito da Calábria se meteu na estrada no rumo sul, a caminho de Pisa.
Parte 2 – A grande Escapada
- fevereiro/1945, nas proximidades de Castelfranco, norte da Itália
A primeira questão era localizar-se, para em seguida decidir qual rota tomar.
Com a ajuda inestimável do italiano que o socorrera e de posse dos seus mapas Danilo decidiu fazer exatamente o contrário do que o treinamento de fuga havia ensinado.
Começou por desprezar o conselho de seguir para o norte e internar-se na neutra Suíça. Ao invés disso decidiu prosseguir para o sul em direção à Pisa. E ia fazer isso pelas rodovias principais, afrontando o manual que aconselhava usar os caminhos secundários. O gaúcho era macho – tchê – e ia encarar o bicho pela frente.
Na estrada para Padova, despediu-se do italiano salvador, prometendo que depois da guerra ia voltar para agradecer novamente e ver o vestido de noiva da sua irmã, que seria feito com a seda do paraquedas.
Começou a longa caminhada não dando conta que conservava o relógio no pulso e das botinas americanas nos pés…
Andando e alimentando-se da broa que ganhara do heroico italiano, chegou a Pádova, cidade de importante entroncamento ferroviário.
De novo, afrontou os conselhos do manual e ao invés de contornar a cidade, atravessou-a de ponta a ponta na rota que julgou leva-lo ao Rio Pó.
Cruzou com muitos alemães pelas ruas, mas não ligou para eles e eles tampouco para o piloto brasileiro. Como dizia o filósofo “A sorte sorri aos audaciosos”.
Seguindo pela estrada principal, sua figura se misturava a tanta gente esquisita que vagava na região. Sujo, barbado, com a língua inchada na boca sua aparência era mesmo de um pobre e ferrado italiano à procura de parentes.
Andando sem parar, passando por situações que poderiam delatar sua condição de piloto aliado abatido, Danilo dividiu estábulos fedorentos com outros estropiados, comeu o que e quando podia.
Deixou para trás Monsélice, Stanghella, Rovigo, Arqua e finalmente chegou à Polesella, às margens do Rio Pó, num total de 120 quilômetros de caminhada.
Então, Danilo deu de cara com um problemão: como atravessar o rio?
Subiu um barranco e ficou matutando uma solução. As poucas pontes ainda de pé, estavam densamente patrulhadas pelos alemães que exigiam documentos que ele não tinha. Como um bom gaúcho, imaginou arrumar um cavalo e preso ao seu lombo atravessar durante a noite. Mas as baixas temperaturas das águas certamente o levariam à hipotermia. Mesmo que conseguisse atravessar, teria que esperar secar as roupas para não despertar atenções.
Enquanto pensava e com a fome aumentando, não reparou que uma sentinela alemã se aproximava.
Parte 3 – Nas mãos da Partisans
- fevereiro/1945, nas proximidades de Polesella, norte da Itália
Já fazia algum tempo que Danilo estava naquele barranco, olhando para o rio e matutando como atravessá-lo.
Há alguma distância, contudo, um guarda alemão vendo-o sozinho aproximou-se e falou algo que o piloto não entendeu. O tom da voz era de inquirição e a situação ficou tensa. Mantendo o sangue frio, Danilo mostrou a língua machucada e ainda um pouco inchada, fazendo sinais com as mãos que não conseguia falar. Talvez por repugnância ou achando que era mais um italiano sem ocupação o alemão afastou-se sem dizer mais nada. Danilo respirou aliviado, mas achou melhor descer do barranco e voltar à estrada.
O dia já ia alto e a fome apertava. Os joelhos doíam pelo esforço da caminhada, mas tinha que prosseguir. Batendo em portas e pedindo algo para comer, o piloto brasileiro seguiu as margens do rio, na esperança de encontrar uma parte mais estreita que pudesse ser atravessada.
Andou quase o dia inteiro e ao final da tarde, com o frio aumentando e a fome também, já que o almoço não tinha sido quase nada, parou perto de uma das primeiras casas num vilarejo maltratado pela guerra.
No alpendre, um camponês cortava lenha com o machado. Danilo ficou parado observando o machado subir e descer e nenhum dos dois falava nada. Por fim, ao terminar o serviço, o italiano perguntou o que queria. Danilo, então, disse-lhe o velho lenga-lenga já repetido tantas vezes, sobre estar procurando parentes, sua casa bombardeada, documentos perdidos, etc.
O italiano ouviu atentamente a história, convidando o “pobre coitado” a entrar. Serviu vinho e comida e a certa altura da conversa disse ao brasileiro que a história dele até que era convincente, se não fosse por suas botinas de aviador.
Danilo sentiu-se perdido. Fora descoberto! Em sua mente chispou a ideia que seria entregue aos alemães e todo seu esforço, até então, tinha sido em vão. Vendo o desespero e a palidez estampar na cara do piloto, o italiano desfez suas dúvidas em seguida. Podia ficar sossegado, estava em boas mãos e nada tinha a temer, a Resistenza ia cuidar dele.
Desafogado, Danilo contou-lhe a verdadeira história, desde a queda do Thunderbolt até aquele momento. O italiano vendo o estado físico deplorável do brasileiro, acomodou-o em uma cama e com isso, pela primeira vez em muitos dias, Danilo dormiu confortável e aquecido. Nem acreditava, cobertor e travesseiro!
Dias se passaram com o brasileiro promovido a fratello na família para disfarçar. Tudo o que lhe diziam era ter paciência e que estava sendo arranjada uma maneira para uma travessia segura. Danilo aproveitou para refazer-se e enfrentar o resto da jornada.
Finalmente, foi informado que atravessaria o rio naquela tarde, junto com os trabalhadores que voltavam às suas casas no outro lado da margem. Era a ocasião mais propícia.
O gaúcho vestiu sua roupa velha, muniu-se de uma nova broa debaixo do braço, despediu-se de todos e foi com o italiano até o ponto de embarque. O partizano dera-lhe uma bicicleta velha e enferrujada, que necessitava urgentemente de lubrificação.
Chegaram à prancha de embarque e a tensão aumentando a cada passo. O piloto olhava para baixo em atitude de humildade e submissão, com medo de trair-se em algum momento.
Com o coração aos pulos tomou seu lugar na balsa, enquanto o bom italiano trocava algumas palavras com o pessoal da fiscalização. Com umas garrafas de grappa ou conhaque tudo se conseguia daqueles alemães já cansados de tanta guerra.
Por precaução, durante a travessia, as botinas do nosso brasileiro ficaram escondidas debaixo da bicicleta e do seu casaco, para não despertar a atenção dos outros passageiros. Lentamente a balsa avançou pelas águas e os corações batendo descompassados.
Finalmente, chegaram à outra margem. Caminharam juntos até o primeiro povoado e ali se separaram, cada qual seguindo o seu caminho.
O abraço de despedida foi forte a caloroso. Quem sabe um dia voltariam a se encontrar em outras circunstâncias? O fato é que Danilo nunca mais teve notícias daquele bravo italiano.
Novamente o gaúcho estava por conta própria e entregue à sua sorte. Montou na velha bicicleta e seguiu na estrada principal para Ferrara. O rio ficara para trás.
Depois de algumas horas os músculos entraram em pane e ele parou para descansar um pouco. Observou que o movimento de soldados e veículos alemães era mais intenso.
Prosseguiu pedalando, dispondo-se a redobrar seus esforços. Cada quilômetro custava-lhe enormes sacrifícios e sustos, achando que a cada instante ia ser descoberto. Contra todas as expectativas atravessou Ferrara, QG alemão, sem que nada lhe acontecesse. À sua frente Bolonha, a última cidade importante que tinha de atravessar.
O corpo doía, mas a vontade de continuar dava-lhe coragem. Pedalando pela estrada, viu uma carroça puxada por dois animais e súbito veio-lhe à mente seus tempos de moleque. Pedalou mais forte até emparelhar e deixar-se rebocar a ela agarrado pelo braço esquerdo.
Tudo ia muito bem, mas pouco tempo depois, ao trote dos cavalos, aconteceu da carroça ultrapassar um soldado alemão que, também de bicicleta, seguia para a mesma direção. O soldado, ao ver o gaúcho pendurado do lado oposto da carroça, achou que a ideia não era má. Pisou com mais força, alcançou-os, e também tomou a sua “carona” do outro lado.
O alemão de um lado e o brasileiro do outro. Não trocaram nenhuma palavra e continuaram agarrados ao reboque por muito tempo. A companhia era desagradável e o fuzil que o soldado usava à bandoleira causava mal estar.
Mas nada podia fazer.
Já se conformara com a presença indesejável do novo “carona”, e vez ou outra arriscava olhar para ele. Numa dessas vezes, viu uma coisa que o abalou. A manga do seu casaco subira com a posição do seu braço esticado que agarrava a carroça, deixando a descoberto o seu relógio que, pela primeira vez, notava que conservava no pulso. Sentiu-se gelado.
Parte 4 – Desespero
- fevereiro/1945, arredores de Bolonha, norte da Itália
A carroça seguia estrada afora com dois caronas agarrados a ela. De um lado um alemão, carregando um fuzil e do outro, o piloto brasileiro.
Danilo gelou ao ver seu relógio aparecendo, por causa do braço esticado. Se o alemão visse estaria perdido. Também não poderia abandonar de repente o seu lugar no meio da estrada e em campo aberto.
Naqueles segundos de impasse eis que surge um cruzamento providencial e o gaúcho aproveita para largar o reboque da maneira mais natural possível, como se ali fosse, de fato, o seu destino. E ainda, ousadamente, gritou “grazzie” ao carroceiro, que lhe devolveu “prego”.
Seguiu alguns instantes por aquela estradinha até seu coração voltar a bater normal e depois voltou à estrada principal, aliás sua velha conhecida dos ares.
Neste dia, não conseguiu alimento algum e como a noite o alcançou no descampado, não teve alternativa a não ser dormir ao relento. Deitou-se à margem da estrada, imaginando ficar sossegado.
Ledo engano, pois aquela, foi uma noite de cão. Escondidos pela escuridão, os alemães aproveitavam para fazer a movimentação das suas viaturas em comboios barulhentos. Assim que a luz do dia começava a apontar, todos aqueles caminhões desapareciam como que por encanto, nas cocheiras das fazendas ou debaixo de redes de camuflagem muito bem dispostas. O gaúcho ficou imaginando um Beaufighter inglês aparecer e dar um jeito naquilo.
O amanhecer encontrou o brasileiro estremunhado com a noite mal dormida. Com fome, retomou o caminho chegando a um vilarejo onde ficou perambulando por dois dias, esperando “ser encontrado” pela Resistenza. Nada aconteceu.
Resolveu voltar à estrada, seguindo em direção aos Apeninos, aonde ao final da tarde chegou a uma pequena cidade, cujo nome não sabia e nem tinha vontade de checar nos mapas. A prioridade era arranjar o que comer. Andou, bateu em algumas portas que não se abriram, não sabia mais o que fazer.
Seu abatimento chegou a tal ponto que, pela primeira vez, pensou em desistir e se entregar aos alemães. Tremeu, no entanto, ao pensar nas consequências não apenas para si, mas para todos àqueles que o haviam ajudado. Oscilando o equilíbrio emocional entre o desespero e a sensatez, num grande esforço mental se recompôs e voltou a se concentrar nos planos de fuga. O gaúcho vergava, mas não quebrava.
Em algum momento, viu uma velha senhora na varanda de uma casa, tricotando. Uma dor no estômago vazio o empurrou e lhe deu coragem.
Encostou a bicicleta no muro e ao chegar perto da entrada notou que o portão estava aberto. Ficou intrigado ao perceber que sua entrada era aguardada. Dirigiu-se àquela senhora num italiano um tanto abrasileirado e desfiou a velha lenga-lenga para pedir comida.
A senhora, então, serviu-lhe um prato de abençoado macarrão e enquanto comia Danilo ouviu-a dizer para ficar sossegado e que poderia ficar ali até amanhã, quando seu sobrinho chegaria do trabalho. Depois de fartar-se, o piloto brasileiro ganhou um colchão de palha e, naquela noite, dormiu profundamente.
Na manhã seguinte, ao acordar mais disposto, a senhora do tricô e seu sobrinho já estavam à sua espera. A conversa foi longa e cuidadosa, cada qual medindo suas palavras. Para encurtar a história e mais uma vez, para sorte sua, as botinas de aviador, o tinham revelado. Daqui pra frente ele ficaria aos cuidados dos Partizanos de verdade. Achou graça, pois sempre os Partizanos eram os outros, nunca aqueles com quem conversava.
Na sua segunda e última noite na companhia daqueles “parentes” italianos, para encobrir e explicar a sua presença naquela casa, houve uma reunião a que compareceram os vizinhos para festejarem a chegada e a passagem do sobrinho que tivera a casa destruída por bombardeio em Ferrara, e que, em consequência ficara “mudo”.
Parte 5 – A volta para casa
- 4 de março/1945, em algum lugar no sopé da Cordilheira dos Apeninos, norte da Itália.
Finalmente, em contato com a organização que poderia levá-lo de volta, Danilo começou a ficar irritado com o que considerava ser um exagero e excesso de zelo a forma pela qual seus “salvadores” lidavam com seu caso.
Afinal, ele já tinha contado toda sua história, datas, horários, trajetos, contatos, o que fez, o que viu, além de ter se identificado devidamente.
O que o piloto brasileiro não sabia naquele momento, era que, apesar de verdadeira, as pessoas consideravam sua história como inverossímil e até mesmo absurda, pois ele tinha feito tudo exatamente ao contrário do que rezava o manual de fugas. Os interrogadores estavam admirados e custavam a acreditar, pois nada daquilo poderia ter acontecido. Depois de muita conversa, Danilo foi dado como “legítimo”.
Foi então levado para uma estação bem avançada, aonde se juntou a outros que estavam na mesma situação. Eram oito ao todo, entre americanos, ingleses, italianos e agora um brasileiro.
Por fim, chegaram ao pé da cordilheira aonde ficaram vários dias esperando não se sabia o que. Por questões de segurança da operação, ninguém dizia nada. O tempo ia passando e a angústia aumentando, até que enfim, o dia chegou na forma de uma grande nevasca e frio cortante.
Era a camuflagem que precisavam, pois naquelas condições as sentinelas relaxavam, o que possibilitava uma travessia com um pouco mais de segurança.
No início da noite, começaram a caminhada que não previa paradas. Em fila indiana e em ritmo constante galgaram os Apeninos por trilhas de cabras, íngremes, escorregadias enfrentando vento gelado, chuva e neve.
Na escuridão, tropeçando e caindo, mas seguindo fielmente os guias, os corações batiam descompassados pelo esforço e pela ansiedade de vencer o último obstáculo que os separava da linha amiga.
E que obstáculo! Parecia que a natureza queria arrancar o último esforço e energia para que provassem ser dignos de receber o prêmio maior: a liberdade.
Depois de 14 horas de caminhada sem pausas e descanso, ao raiar do dia, os esforços foram coroados de êxito e naquela mesma manhã chegaram a um posto avançado do exército inglês.
Descansado, lavado, barbeado e bem alimentado Danilo foi longamente interrogado e, de novo, teve que enfrentar o ceticismo, desta vez dos britânicos, que ficaram perplexos com sua aventura. Mas como? Não pode ser, o manual fala que, blá, blá, blá. Exausto com toda aquela ladainha, o gaúcho mandou os ingleses e suas crenças à merda e exigiu ser imediatamente levado à sua base em Pisa.
E assim, numa tarde de março de 1945, sentado num jeep da FEB (Força Expedicionária Brasileira) e emocionado às lágrimas, Danilo viu surgir no final da estrada poeirenta que levava à Base Aérea de San Giusto, a bandeira do Brasil que, tremulando ao vento, parecia mais acenar “seja bem-vindo piloto!”
Ele estava de volta. Ele tinha conseguido.
Inspiração e fontes: antoniovalentim.wordpress e jambock.com.br
O avião que o Danilo voava aquele dia não é o que está estampado na imagem, também levava o número “2” , mas era verde. Tenho em algum lugar uma Revista da Força Aérea que tem a relação e o histórico dos P-47 da FAB, onde posso checar o histórico dos aparelhos designados “2” no Jambock, destinados ao subcomandante da unidade (vários aparelhos foram perdidos e substituídos, assim que há mais de um com a mesma identificação. Os aparelhos brasileiros 1 e 2 eram destinados ao comandante – que era irmão do Danilo, e ao sub, os demais levavam uma… Leia mais »
Obrigada pela colaboração Rodrigo. Se encontrar a imagem, por favor, envie para mim. Agradeço, também, se puder sugerir um novo texto para a legenda. Abr.
Rodrigo, interessante sua observação. Ficaria grato se pudesse nos mostrar que o avião do Tenente Danilo era verde. Para fazer a arte do profile, contei com as informações e pesquisas do Zairo Junior que, por sua vez, se baseou em relatórios do 1º GAc. Fico no aguardo para, se for o caso, redesenhar a arte.
A imagem do avião está disponível em https://antoniovalentim.wordpress.com/danilo-moura/
Antonio Valentim – Cap R1 da FAB
Voltando ao assunto do P-47 do Tenente Danilo, fizemos novas pesquisas. Zairo Junior informa o seguinte: existiram três Thunderbolts na Itália como nº “2”. Um deles, na cor metal, foi o serial 44-21022, abatido com o piloto Dornelles. O outro, também prateado, foi o serial 44-21093, que veio para o Brasil após a guerra e foi sucateado. O terceiro nº ”2”, talvez seja o do Tenente Danilo que estamos procurando. Mas não há fotos dele. A julgar pelos números seriais era provável ser verde. A única evidência, até então, é a reprodução artística, publicada na revista Força Aérea, feita pelo… Leia mais »
Estou aguardando ansiosa o resultado final da pesquisa.
Levamos a dúvida para o Vicente Vazquez, autor do site http://www.jambock.com.br, O 1º Grupo de Aviação de Caça na Campanha da Itália 1944-1945. “Ele informou que, na verdade, existiu quatro aviões que levavam o nº 2 pintado na capota do motor”: dois verdes (42-26783, abatido com o Tenente Danilo e o 42-26764, que foi perdido em acidente de decolagem com o piloto Pessoa Ramos); e dois prateados (44-21022, abatido com o piloto Dornelles e o 44-21093, que sobreviveu à guerra, voltou ao Brasil e depois foi sucateado). Levando-se em conta as numerações de série, o avião 42-26783 se encaixa no… Leia mais »
Daria um belo filme! Ou um Best-seller.
Vim pelo Lito do Canal Aviões e Músicas! História muito foda.
Obrigado por citar as fontes. Considero essa história bastante interessante e digna de um filme. Pena que o Brasil não tem tradição nesses assuntos, preferindo assuntos banais e ditos “engraçados”.
Mas o crédito deve ser dado ao autor do texto na revista Força Aérea, referenciado na minha postagem.
Antonio Valentim Moreira