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Um estranho esqueleto feminino de 1.600 anos em Teotihuacán

14 de janeiro de 2017

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O sítio arqueológico de Teotihuacán, a 40 km da atual Cidade do México, fascina turistas e arqueólogos pelo gigantismo de suas pirâmides, palácios e avenidas. Teotihuacán foi um centro urbano grandioso e cosmopolita. Em seu apogeu, por volta de 450 d.C., a cidade chegou a ter 150 mil habitantes. Atraia pessoas de diferentes culturas e locais distantes que ali negociavam seus produtos e realizavam oferendas aos deuses.

Era nesse cenário que circulava uma mulher opulenta e extravagante procedente das terras do sul: a Mulher de Tlailotlacan, uma estrangeira que viveu em Teotihuacán e ali foi enterrada em 350 d.C.

Seu esqueleto foi descoberto em 2014 e surpreendeu os arqueólogos. Ele apresenta o maior número de modificações corporais entre todos os restos humanos encontrados até hoje em Teotihuacán.

A extravagante Mulher de Tlailotlacan

A Mulher de Tlailotlacan apresenta grandes modificações corporais sinalizando tratar-se de alguém da nobreza e de uma cultura distante de Teotihuacán. O crânio foi intencionalmente alongado, um tipo de deformação que não era típica da região do Planalto Central Mexicano onde está localizada Teotihuacán, mas do sul da Mesoamérica. O alongamento do crânio era obtido mediante uma forte compressão dos lóbulos frontal e occipital ainda no recém-nascido.

O maxilar trazia incrustações de pirita nos incisivos centrais superiores e uma prótese de serpentina de cor verde no incisivo central inferior, técnicas que tem sido relatada na área maia de Petén, na Guatemala e em Belize.

As incrustações de pirita foram feitas com a ajuda de uma broca ou outro instrumento semelhante. A prótese de serpentina é ainda mais surpreendente pois tem a forma de incisivo e a pedra parece ter vindo de outra região. A mulher deve tê-la utilizada durante um longo tempo pois a prótese mostra desgaste e sinais de formação de tártaro. Estuda-se como a peça foi fixada, se mediante algum tipo de cimento ou uma fibra presa na mandíbula.

Mulher de Tlailotlacan, descoberto em Teotihuacán, México.

Crânio da Mulher de Tlailotlacan, c. 350 d.C., descoberto em Teotihuacán, México. As incrustações de pirita nos dentes e a prótese de serpentina verde indicam que ela era uma mulher da elite.

Como a deformação craniana era típica do sul da México e a técnica de incrustação nos dentes era conhecida pelos maias de Petén e Belize, é muito provável que sua portadora não fosse nativa de Teotihuacán, mas uma estrangeira.

O corpo dessa mulher, morta por volta de 350 d.C., foi  enterrado em uma parte da cidade onde residiam as pessoas de terras distantes. Daí ter sido chamada de Mulher de Tlailotlacan, palavra que significa “pessoa estrangeira”.

O crânio alongado da Mulher de Tlailotlacan, era sinal de distinção social e beleza. A deformação craniana era costume entre os maias e outros povos da Mesoamérica.

As marcas físicas e o túmulo com uma magnífica oferenda de 18 vasilhas levam a crer que se tratava de uma mulher da nobreza, falecida aos 35-40 anos. O corpo foi encontrado em 2014 e as pesquisas estão sob responsabilidade do Instituto Nacional de Antropologia e História do México.

Mulher de Tlailotlacan

A Mulher de Tlailotlacan viveu no século IV d.C. quando Teotihuacán estava no apogeu.

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Vilson Gonçalves
Vilson Gonçalves
7 anos atrás

A matéria é bem instigante e aborda um tema ainda pouco tratado nos meios de comunicação no Brasil, mas há um equívoco severo. Teotihuacan não é a cidade mais antiga das Américas; Caral, no Peru, tem esse título. Mesmo na América Central há povoamentos mais antigos que podem ser considerados núcleos urbanos.

Jerfferson Araújo
Jerfferson Araújo
7 anos atrás
Responder para  Vilson Gonçalves

Corroboro o que o Vilson disse e faço mais: chamo a atenção para a bibliografia. A matéria é muitíssimo interessante, mas seria ainda melhor se houvesse uma bibliografia um tantinho mais robusta.

Joelza Ester
Joelza Ester
7 anos atrás
Responder para  Jerfferson Araújo

Olá Jefferson. De fato, Teotihuacan há tempo perdeu o posto de primeira cidade das Américas. O erro foi corrigido. Quanto à bibliografia, a intenção foi somente citar a fonte sobre a descoberta. Mas concordo em estendê-la a Teotihuacán e já o fizemos. Obrigada pela contribuição. Um abraço.

Jerfferson Araújo
Jerfferson Araújo
7 anos atrás
Responder para  Joelza Ester

Obrigado pela resposta!

Joelza Ester
Joelza Ester
7 anos atrás
Responder para  Vilson Gonçalves

Obrigada pelo alerta. Vc está certo e foi um deslize nosso que já foi corrigido.

Ana Carolina Rodrigues
Ana Carolina Rodrigues
7 anos atrás

Muito interessante! Fico pensando como eles faziam essas coisas no dente. Devia doer muito!!!

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