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Basílica de São Pedro: para a glória de Deus e da Igreja

25 de março de 2019

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Em 18 de abril de 1506, o papa Júlio II, descendente da família Médici, lançou a pedra fundamental da Basílica de São Pedro dando início à sua construção. Foram necessários mais de cem anos para concluir as obras o que aconteceu em 18 de novembro de 1626, sendo consagrada imediatamente pelo papa Urbano II.

A construção deste suntuoso edifício, o maior da cristandade, exigiu enormes despesas e levou a hierarquia católica a pressionar os fiéis para abastecerem os cofres do Vaticano. Foi assim que o comércio das Indulgências se expandiu, o que contribuiu diretamente para desencadear a Reforma Protestante.

Situada na praça de São Pedro, a Basílica cobre uma área de 2,3 hectares (23 mil m2) e pode abranger mais de 60 mil devotos. Foi o maior projeto arquitetônico de sua época e recebeu contribuições de renomados artistas da Renascença tais como Bramante, Michelangelo, Rafael e Bernini.

Antes da Basílica de São Pedro

Naquele espaço existia o circo construído pelo imperador Nero (54-68 d.C.) em cujo interior e jardins tiveram lugar os primeiros martírios de cristãos em Roma. Ali também foi executado o apóstolo Pedro (São Pedro) no ano 64.

Os restos mortais de São Pedro foram enterrados fora do circo de Nero, a uns 150 m do local da sua morte. O seu túmulo foi inicialmente marcado apenas com uma pedra vermelha, símbolo do seu nome (Petrus em latim, significa “pedra”). Alguns anos mais tarde, foi construído um santuário nesse local.

Entre 326 e 333, o santuário deu lugar à primeira Basílica de São Pedro por ordem do imperador Constantino. Desta basílica nada restou, porém, através de descobertas arqueológicas, descrições de peregrinos e desenhos antigos pode-se saber que ela seguia o modelo da basílica cívica romana: um salão retangular, dividido em nave central e naves laterais, que oferecia espaço bastante para a congregação dos fiéis.

Planta do Circo de Nero

Planta do Circo de Nero (em verde) em comparação com a Basílica de São Pedro.

Uma obra entre crises da Igreja

A construção de uma nova basílica atendia ao desejo da Igreja de fortalecer seu poder sobre a cristandade ocidental abalado com o chamado Cativeiro de Avignon (1309 a 1377), período em que os papas (foram sete ao todo) foram obrigados a residirem em Avignon sob autoridade do rei da França. Seguiu-se um período de crise religiosa, o Grande Cisma (1378 a 1414) em que dois papas, um em Roma e outro em Avignon, reclamavam para si o poder sobre a Igreja Católica. O cisma terminou no Concílio de Constança, em 1417 quando o papado foi estabelecido definitivamente em Roma.

A antiga basílica, depois de anos de abandono, estava bem deteriorada. Foi o papa Nicolau V (1447-1450) quem primeiro realizou intervenções radicais para ampliar a basílica. O trabalho foi interrompido três anos depois da morte do papa, quando as paredes apenas haviam alcançado um metro de altura.

Coube ao papa Júlio II (1503 a 1513), cinquenta anos depois, a decisão de suspender as obras de reforma, derrubar tudo e construir uma nova igreja que servisse à cristandade, assim como acomodasse o seu túmulo. Este, contudo, por ironia, ficou inacabado e foi construído na Basílica de São Pedro Acorrentado.

O arquiteto Bramante (1444-1514) fez o projeto da nova basílica em estilo renascentista e barroco. As obras tiveram inicio em 1506. Uma sucessão de papas e arquitetos, nos 120 anos seguintes, participariam da construção que culminou no edifício atual. Foi o caso do projeto inicial de Bramante que, depois de sua morte, foi continuado e modificado por Rafael, Antonio de Sangallo e Miguelangelo até ser concluído no século XVII por Carlo Maderno.

A nova Basílica de São Pedro que foi concebida como um projeto para glorificar Deus e a Igreja Católica, acabou por suscitar uma profunda cisão na cristandade contribuindo para a Reforma Religiosa e o surgimento do protestantismo.

Interior da Basílica

Todo o interior da basílica está ricamente decorado com mármore, relevos, esculturas arquitetônicas, retábulos e ornamentos com acabamentos a ouro. Abriga 45 capelas e 11 altares com obras de arte bastante valiosas, como a Pietá, de Miguelangelo, e algumas da antiga basílica, como a estátua de bronze de São Pedro, do século XIII.

A basílica contém um grande número de túmulos de papas e de outras notáveis personalidades, muitos dos quais são considerados verdadeiras obras de arte reconhecidas mundialmente.

Na nave central, destaca-se o imponente baldaquino de bronze dourado, de quase 30 metros de altura. As quatro colunas torcidas, erguidas sobre pilares de mármore sustentam o teto ricamente adornado. Foi construído por Bernini entre 1624 e 1633 para marcar o altar papal acima do túmulo de São Pedro. Para obter o bronze suficiente, o papa ordenou derreter bronzes antigos do Panteão. Daí o comentário popular na época: “O que os bárbaros não conseguiram fazer, fizeram os Barberini”, referindo-se à família do papa Urbano VIII em cujo pontificado foi construído o baldaquino.

No perímetro da nave central, está inscrito no alto, sob a abóbada, em letras de dois metros:

  • QVODCVMQVE LIGAVERIS SUPER TERRAM, ERIT LIGATVM ET IN COELIS, ET QVODCVMQVE SOLVERIS SVPER TERRAM, ERIT SOLVTVM ET IN COELIS • EGO ROGAVI PRO TE, O PETRE VT NON DEFICIAT FIDES TVA, ET TV ALIQVANDO CONVERSVS, CONFIRMA FRATRES TVOS
  • Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que tu desligares na terra será desligado no céu. • Eu roguei por ti, para que tua fé não desfaleça, e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos.

A cúpula da Basílica eleva-se a uma altura de 136,57 metros o que a torna visível em quase toda Roma. Tem 42 metros de diâmetro, ligeiramente menor ao domo do Panteão. O projeto inicial foi de Michelangelo que não conseguiu completá-lo antes de sua morte em 1564. Terminada em 1590 por Giacomo Della Porta com ligeiras modificações, ainda é uma das maravilhas da arquitetura ocidental.

Nave central

Nave central vendo-se ao fundo o baldaquino. Entre os arcos e a abóboda da nave está a inscrição, em latim: “Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que tu desligares na terra será desligado no céu. • Eu roguei por ti, para que tua fé não desfaleça, e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos.”

Cúpula da Basílica de São Pedro

Cúpula da Basílica de São Pedro sobre o baldaquino, considerada uma das maravilhas da arquitetura ocidental. Equivalente a um prédio de 44 andares, a cúpula atrai visitantes que podem subir ao topo por escada ou elevador. Do alto, têm-se uma vista 360° de toda a cidade de Roma.

Baldaquino

Baldaquino feito de bronze dourado, com quase 30 metros de altura, é obra de Bernini. Ao fundo, o vitral em formato oval ilumina a Cátedra de São Pedro logo abaixo dele.

Cátedra de São Pedro

Cátedra de São Pedro, um trono que parece flutuar entre nuvens ladeado de anjos, obra de Bernini

Exterior: fachada e praça

A fachada principal da basílica possui 115 m de largura e 46 m de altura.  Acima estão as estátuas de 5,7 metros de altura representando, no centro, Cristo Redentor e João Batista, acompanhados por onze dos doze apóstolos, exceto São Pedro.

A grande praça de São Pedro, projetada entre 1656 e 1667 por Bernini, é circular e rodeada por uma monumental colunata composta por 284 colunas com 2,3 m de altura e distribuídas em quatro filas. No alto estão 162 estátuas de santos com 2,7 m de altura.

No centro da praça está o obelisco do Vaticano, de granito vermelho e 40 m de altura. O obelisco, desprovido de inscrições em hieróglifo, pertencia a um templo de Rá, em Heliópolis, no Egito, datado do século XIX a.C. Foi levado a Roma a mando de Calígula (37-41) para decorar seu novo circo, cuja construção foi continuada por Nero. O obelisco marca o local onde São Pedro foi executado em 64 d.C. sendo, por isso, chamado de “A Testemunha”.

A cruz no topo do obelisco guarda um dos pedaços originais da cruz de Jesus Cristo, colocadas ali pelo Papa Sixto V. Anteriormente, ali existia uma bola dourada com as cinzas de Júlio César que hoje encontra-se no Museu de Roma.

Praça de São Pedro

Vista aérea da Praça de São Pedro tendo ao centro o Obelisco.

Curiosidades

1. A demolição da basílica paleocristã para dar lugar à basílica atual foi muito criticada dentro e fora da igreja por personalidades como Erasmo de Rotterdam e Miguelangelo. Bramante, que fez o projeto inicial,  foi apelidado de “mestre demolidor”.

2. O papa Nicolau V, que fez as primeiras obras da basílica, chegou a ordenar a demolição do Coliseu de Roma para usar suas lajes de mármore na construção da Basílica de São Pedro.  Até ao momento da sua morte, em 1513, haviam sido transportadas 2.522 cargas de pedra do Coliseu para uso do novo edifício.

3. Um método utilizado para financiar a construção da Basílica de São Pedro foi a venda de indulgências (perdão dos pecados). O grande promotor deste método de angariação de fundos foi o arcebispo Alberto de Mainz. Ele nomeou o alemão Johann Tetzel, frade dominicano e pregador, para divulgar e vender indulgências. A agressiva propaganda e os abusos de Johann Tetzel para promover esse “negócio” foi um escândalo que acabou sendo denunciado pelo frei agostiniano Martinho Lutero em 1517. O caso foi fator que desencadeou a Reforma Religiosa e o nascimento do protestantismo.

4. A basílica de São Pedro é uma das maiores do mundo tendo 186,36 m de comprimento. Porém, a mesquita de Córdoba tem a maior área coberta de uma igreja, com cerca de 22.400 m2. No quesito altura, a igreja mais alta é a igreja de Ulm, na Alemanha, cuja torre gótica do século XIV atinge 161,53 metros.

5. A basílica de São Pedro inspirou outras igrejas entre elas a Catedral de Kazan (1811), em São Petersburgo; a catedral Marie-Reine du-Monde (1894) em Montreal, Canadá; a Catedral de Berlim (1905), na Alemanha; a basílica Notre Dame de la Paix (1988), na Costa do Marfim.

6. A palavra catedral deriva de “cathedra”, palavra latina que significa assento ou trono (origem da palavra “cadeira”). Catedral seria a igreja onde um bispo tem o trono do qual prega e, portanto, é a “sede” de onde ele governa a sua diocese. A Basílica de São Pedro como a sede ou catedral papal tem um trono, que fica no altar principal: é a “cátedra de São Pedro”.  É um trono com espaldar alto que parece flutuar nas nuvens, cercado por anjos, e encimado por um vitral com a figura de uma pomba branca representando o Espírito Santo. A obra em estilo barroco foi construída entre 1656 e 1665, por Bernini.

7. Em 1939, operários escavavam sob o altar de São Pedro para abrir espaço onde seria enterrado o recém falecido papa Pio XI, quando de, repente, o chão se abriu, revelando uma antiga necrópole da época do Império Romano. Ali encontraram imagens cristã de Cristo ressuscitado, do Bom Pastor, de Jonas e a baleia, dos apóstolos entre eles, Pedro.

A descoberta foi mantida em sigilo até 1949 quando a arqueóloga italiana Margherita Guarducci assumiu os trabalhos. Sua primeira tarefa foi decifrar a confusão de inscrições misturadas com símbolos cristãos. Foi então que ela encontrou inscrita a expressão Petrós Ení, que, em grego, significa “Pedro está aqui”. Junto, em um nicho, havia fragmentos de ossos de um homem robusto e idoso, entre 60 e 70 anos de idade, envoltos em restos de tecido púrpura com fios de ouro que se acredita, com muita probabilidade, pertencerem a São Pedro. O caso foi narrado em The Fisherman’s Tomb. The true story of the Vatican’s secret search, de John O’Neill, cujo relato está sendo adaptado para um roteiro de cinema.

Fonte

 

 

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