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Reino núbio de Kush (vídeo)

9 de dezembro de 2014

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O Vale dos Reis, no sul do Egito, é uma necrópole real que abriga as tumbas da nobreza egípcia: faraós, rainhas, príncipes, grandes sacerdotes e altos funcionários da corte. A tumba KV36 pertence a um nobre egípcio chamado Maiherperi.

As inscrições na tumba e o Livro dos Mortos junto à múmia informam que Maiherperi cresceu na corte, levado para lá quando criança ou nascido de uma concubina do faraó. Foi educado como um príncipe e, adulto, tornou-se conselheiro ou guarda-costas do faraó Tutmés IV (18º dinastia, c.1401/1397 – c.1391/1388 a.C.). Seu apelido era “Leão no campo de batalha”, talvez uma alusão às suas qualidades guerreiras.

Múmia de Maiherperi, arqueologia do Egito Antigo.

Múmia de Maiherperi, nobre de origem núbia, séc. XIV a.C.

Os documentos descrevem Maiherperi com pele escura o que foi confirmado no exame de sua múmia realizado em 1901 por Georges Daressy. Ele era um negro, proveniente da Núbia ou descendente de núbios, região no sul do Egito. O cabelo negro e crespo que a múmia possuía revelou-se ser uma peruca colada ao seu couro cabeludo.

A múmia de Maiherperi confirma que, na corte faraônica, havia núbios em posição social de destaque. Mas, da Núbia vieram, também, centenas de escravos para trabalharem nos palácios e templos do Egito Antigo.

Núbia ou Kush e suas riquezas

Chama-se Núbia à região desértica atravessada pelo rio Nilo, ao norte do atual Sudão, a centenas de quilômetros ao sul do Vale dos Reis, no Egito. Na Núbia vivia uma população negra, de língua e origem étnica diferente dos egípcios.

Os egípcios chamavam a Núbia de Kush, nome usado durante toda Antiguidade até o século IV d.C. A partir daí, com a ocupação do território por nômades chamados noba, a região passou a ser chamada de Núbia, terra dos noba, nome que chegou aos nossos dias.

Em torno de 3300 a.C., a Núbia formou o primeiro nomo do Alto Egito e, segundo os especialistas contribuiu para a unificação do vale do Nilo. Em 2300 a.C. o nome Kush surge, pela primeira vez, em missões comerciais dos egípcios.

A região servia como um corredor de comércio entre o Egito e a África tropical desde pelo menos 3100 a.C. Através da Núbia chegavam ao Egito marfim, madeira de ébano, ouro, cobre, animais exóticos, peles de leopardo, ovos e plumas de avestruz provenientes da África tropical.

As relações entre os dois povos eram pacíficas indicando intercâmbio cultural e cooperação, incluindo casamentos mistos.

Núbios, arqueologia do Egito Antigo.

Núbios levam tributos ou oferendas.

Núbia incorporado ao Egito

Durante o Médio Império (c.2040-1640 a.C.), o Egito começou a se expandir em direção à Núbia visando controlar as rotas comerciais e o acesso direto às suas riquezas. Guarnições militares foram erguidas ao longo do rio Nilo, ao sul da Segunda Catarata.

Por essa época, florescia na Núbia o reino de Kerma (c.1700-1500 a.C.) que se tornou um império populoso rivalizando com o Egito. Por volta de 1550 a.C., ele foi absorvido pelo Império Egípcio. Mas a conquista não significou a submissão do reino núbio, ao contrário, ele foi tratado como vice-reino e administrado pela própria elite núbia. Jovens núbios foram levados para Tebas onde receberam educação egípcia, como atesta a múmia de Maiherperi, comentada acima.

O reino núbio de Kerma manteve-se sob influência direta do Egito por cerca de quinhentos anos, absorvendo sua cultura, suas práticas religiosas e funerárias e adotando a língua e a escrita egípcias. A produção de ouro da Núbia cresceu significativamente nessa época sendo inteiramente revertida para o Egito.

A cidade Napata tornou-se um importante centro religioso onde eram cultuadas as divindades Ísis, Osíris e Amon.

Guerreiros núbios serviram no exército do faraó, reconhecidos como exímios arqueiros. Lutaram na campanha contra os hicsos contribuindo para tornar o Estado egípcio uma potência militar. Pela 18ª dinastia do Novo Império, os núbios constituíam uma tropa de elite do exército faraônico.

Com a desintegração do Novo Império por volta de 1070 a.C., os núbios se libertaram do domínio egípcio. Formou-se o reino de Kush, independente, e centrado em Napata.

Arqueiros núbios, arqueologia do Egito Antigo

Arqueiros núbios, estatueta do Novo Império.

 O reino de Kush e os Faraós Negros

No século VIII a.C., o rei kushita Piye, atendendo ao pedido de sacerdotes egípcios que temiam cair sob domínio assírio, mobilizou suas tropas e seguiu para o Egito onde combateu os exércitos inimigos.

Piye restabeleceu a ordem no Egito e foi aclamado “Senhor das Duas Terras”. Começava a 25ª Dinastia Egípcia (750-660 a.C.) conhecida como o reinado dos Faraós Negros.

Faraós núbios de Kush, arqueologia do Egito Antigo

Esculturas de faraós núbios.

O estado unificado do Egito e Kush era uma grande potência que perdurou por cerca de cem anos. Os faraós negros devolveram a grandiosidade aos antigos templos ao longo do rio Nilo. Napata, a capital kushita, ganhou templos magníficos como o dedicado à deusa Mut originalmente recoberto com folhas de ouro.

Os assírios, porém, não deram trégua aos faraós negros e novos combates ocorreram com vitórias e derrotas alternando para cada lado. Os assírios usavam armas de ferro, muito superiores às lanças e espadas de bronze dos soldados egípcios e kushitas.

Além disso, os assírios tinham uma nova técnica de guerra: em vez de usarem os cavalos para puxar os carros de combate, eles cavalgavam os animais o que dava enorme mobilidade a seus arqueiros.

O equilíbrio sobre o cavalo devia ser difícil, pois não se conhecia a sela, o estribo e a ferradura que ainda levariam um milênio para serem usados. Mesmo superiores militarmente, os assírios sofreram derrotas humilhantes frente aos exércitos dos faraós núbios.

Estela de Esarhaddon (à esquerda), rei assírio, tendo aos seus pés, o filho de Taharqa, com uma corda no pescoço; Museu de Pérgamo, Berlim. O rei assírio Assurbanipal na caçada do leão (à direita), relevo do Palácio de Nínive, séc. VII a.C., Museu Britânico, Londres.

Por isso, quando Esarhaddon (681-669 a.C.), rei assírio, tomou a cidade de Mênfis, comemorou a vitória registrando o fato em uma grande estela de pedra. Nela gravou a sentença:

“Sua rainha, seu harém, seu herdeiro e o resto de seus filhos e filhas, seus bens, seus cavalos, seu gado e suas ovelhas em números incontáveis eu levei para a Assíria. Arranquei do Egito a raiz de Kush.” (Estela de Esarhaddon, c.670-660 a.C.)

O faraó Taharqa refugiou-se em Napata e nunca mais retornou ao Egito. Era o ano 660 a.C. e terminava a Dinastia dos Faraós Negros. A partir daí, as histórias de Kush e do Egito seguiram caminhos diferentes.

O legado cultural egípcio fundiu-se aos costumes núbios e foi preservado por muito tempo depois do desaparecimento do Egito Antigo uma vez que o reino de Kush sobreviveu por mais mil anos.

Assista ao vídeo Reino núbio de Kush

Acesse nosso canal no Youtube aqui.

Veja a continuação desse artigo:

Reino núbio de Kush, período meroíta

Fonte

  • SHERIF, Nagm-El-Din Mohamed. A Núbia antes de Napata (3100 a 750 a.C.). In: MOKHTAR, Gamal (editor). História Geral da África, II: África antiga, cap. 9. Brasília: Unesco, 2010, p. 235-272.
  • LECLANT, J. O Império de Kush: Napata e Méroe. In: MOKHTAR, Gamal (editor). Op. cit, cap. 10, p. 273-295.
  • HAKEM, Ali A. M. Ali. A civilização de Napata e Méroe. In: MOKHTAR, Gamal (editor). Op. cit, cap. 11, p. 297-331.
  • KI-ZERBO. História da África Negra. Lisboa: Publicações Europa-América, 1999.
  • M’BOKOLO, Elikia. África Negra: história e civilizações. Lisboa: Vulgata, 2003.
  • COSTA E SILVA, Alberto da. A enxada e a lança. A África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
  • Site The Nubian Net. http://www.thenubian.net/
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[…] centenas de anos, a história do reino núbio de Kush entrelaçou-se com a do Egito Antigo (veja o vídeo desse período aqui). A partir do século VII a.C., enquanto o Egito declinava sob sucessivos domínios estrangeiros, […]

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[…] é uma palavra existente nas línguas zulu e xhosa, faladas na África do Sul, que exprime um conceito moral, uma filosofia, um modo de viver que se opõe ao narcisismo e ao […]

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8 anos atrás

[…] é uma palavra existente nas línguas zulu e xhosa, faladas na África do Sul, que exprime um conceito moral, uma filosofia, um modo de viver que se opõe ao narcisismo e ao […]

Álvaro Aragão Athayde
Álvaro Aragão Athayde
6 anos atrás

Levei.

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