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Inauguração de Santa Sofia, em Constantinopla

27 de dezembro de 537

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Em 27 de dezembro de 537, o imperador Justiniano (527-565) e sua esposa Teodora inauguraram, em Constantinopla, a Basílica da Sagrada Sabedoria (em grego Hagia Sophia). No Ocidente, o monumento é mais conhecido como Santa Sofia. É considerado um dos edifícios mais notáveis da antiguidade tardia e o exemplo mais importante de cúpula – uma técnica conhecida pelos romanos desde a república e usada nas basílicas e mausoléus. Mas a monumental cúpula de Santa Sofia tinha uma característica única, até então: pela primeira vez, ela repousa apenas sobre quatro pilares e, portanto, paira sobre o espaço subjacente.

Santa Sofia foi a igreja de coroação dos imperadores bizantinos (de 641 a 1453), catedral do Patriarcado de Constantinopla e local de importantes eventos históricos. Por um milênio foi, de longe, a maior igreja da cristandade com uma altura de 55 m e diâmetro de cúpula de cerca de 33 m.

Sua consagração veio logo após o fechamento, em 529, das últimas escolas de filosofia herdadas de Atenas por ordem do imperador bizantino Justiniano. Marcou-se, assim, o fim da Antiguidade pagã e o o inicio do Oriente Bizantino cristão.

Justiniano orientando um dos arquitetos na construção de Santa Sofia. Iluminura do manuscrito “Crónica de Santa Sofia”, século VI, Vaticano, Biblioteca Vaticana.

As muitas destruições sofridas por Santa Sofia

A primeira basílica fora construída por Constantino no século IV em um ponto de destaque entre o canal do Corno de Ouro e o Mar de Mármara. Após uma fogo devastador, a igreja foi reconstruída por Teodósio II e consagrada em 415. Outro incêndio, que eclodiu em 532 durante a revolta de Nika – o que ofereceu ao imperador Justiniano a oportunidade de realizar, em apenas cinco anos, um dos monumentos mais extraordinários da Igreja.

Justiniano não poupou em luxo e grandiosidade.  Foram utilizados mármores, colunas e esculturas dos templos de Éfeso, Heliópolis, Fenícia, Atenas, Delos e até do Egito para decorá-lo. A principal inovação era a cúpula central com 55,6 metros de altura.

A igreja foi reconstruída entre 532 e 537. Foi aberta aos fiéis em 27 de dezembro de 537. Ainda restava terminar a cúpula que foi inaugurada em 24 de dezembro de 562. Justiniano orgulhoso de sua obra teria dito: “Salomão, eu te superei!“. A conclusão das obras deu origem a grandiosas festividades durante 14 dias.

Seguiram-se os terremotos de 553 e 557 que racharam o domo principal que veio a desabar completamente no terremoto seguinte em 558. Seguiram-se trabalhos de restauração.

Santa Sofia foi novamente danificada, primeiro no grande incêndio de 859, depois pelo terremoto de 869 e o de 989.  Novamente restaurada, a igreja teve, também sua decoração interna renovada, sendo reaberta em 994. As paredes receberam pinturas de querubins, uma representação de Cristo no domo, e da Virgem e o menino entre os apóstolos Pedro e Paulo, na abside. Nos grandes arcos laterais foram pintados os profetas e os doutores da Igreja.

Jesus Cristo como Pantokrator

Jesus Cristo como Pantokrator (Todo Poderoso). Detalhe do mosaico de Santa Sofia, Istambul.

Durante a Quarta Cruzada (1204-1204), a basílica foi saqueada e profanada pelos cristãos latinos. Muitas das suas mais famosas relíquias — como a pedra do túmulo de Jesus, o leite da Virgem Maria, o sudário de Jesus e ossos de diversos santos — foram enviados para igrejas no ocidente e hoje estão preservados em vários museus. Entre 1204–1261, quando os cruzados ocuparam Constantinopla, a basílica foi transformada numa catedral da Igreja Católica Romana.

Após a captura da cidade em 1261 pelos bizantinos, a igreja estava em um estado deplorável. Em 1317 ela foi restaurada. O terremoto de 1344 criou rachaduras e, dois anos depois, diversas partes do edifício desabaram. A igreja permaneceu fechada até 1354, quando novos reparos foram realizados.

Chegam os otomanos: Santa Sofia vira mesquita

Em 1453,Constantinopla foi cercada pelo sultão otomano Maomé. Seu objetivos era tomar os domínios bizantinos e converter a população ao islamismo. Para estimular suas tropas ao ataque, o sultão prometeu aos soldados três dias de saques sem limites se a cidade caísse, após o qual ele tomaria para si a cidade e tudo o que restara. Santa Sofia foi pilhada e os fiéis refugiados em seu interior foram assassinados ou escravizados.

Imediatamente após a conquista, Santa Sofia converteu-se na mesquita Aya Sofia tornando-se a a primeira mesquita imperial de Istambul.

Entre 1481 e 1500 foram construídos dois minaretes (torres onde um fiel anuncia as cinco chamadas diárias à oração). Um deles desabou no terremoto de 1509 e, por volta do século XVI, ambos foram trocados por dois minaretes em cantos diagonalmente opostos do edifício. A basílica recebeu outros elementos arquitetônicos como dois candelabros colossais trazidos da Hungria como espólio de guerra, o minbar de mámore (plataforma para os sermões), uma madraça (escola corânica), biblioteca, uma fonte para abluções rituais) e uma cozinha para os pobres.

A mais famosa restauração de Aya Sofia, que lhe deu o aspecto atual, foi feita entre 1847 e 1849. Foram reforçados os arcos, a cúpula e as colunas, e limpos os mosaicos da galeria superior. Os antigos candelabros foram substituídos por novos, suspensos. Discos gigantescos (ou medalhões) foram pendurados nas colunas e inscritos com os nomes de Alá, do profeta Maomé e dos quatro primeiros califas e de dois netos de Maomé. Fora de Aya Sofya, foi construída uma torre com um relógio e um novo madraçal. Os minaretes foram alterados para que tivessem todos a mesma altura. Quando a restauração terminou, a mesquita foi reaberta com uma pomposa cerimônia em 13 de julho de 1849.

Interior de Santa Sofia

Interior de Santa Sofia com os medalhões muçulmanos onde estão escritos os nomes do profeta Maomé, de Alá e do califa Abu Bakr (da esquerda para a direita).

Aya Sofia inspirou os arquitetos ocidentais na Idade Média e também serviu de modelo a diversas mesquitas otomanas como a Mesquita de Solimão, a de Rüstem Paxá e a Mesquita Azul, todas em Istambul e construídas entre os séculos XVI e XVII.

Plano e corte de Santa Sofia. Elaborado a partir de imagem publicada em A Folha de S. Paulo.

Capitel de mármore entalhado como uma renda.

Colunas de mármore de Santa Sofia.

Hagia Sophia transformada em museu

Por sugestão de Mustafa Kemal Ataturk, fundador da República da Turquia e seu primeiro presidente (1923-1938), a mesquita de Aya Sofia foi transformada no museu Hagia Sophia em 24 de novembro de 1934.

No esforço para preservar o espaço original da igreja, foi respeitado manter os elementos arquitetônicos muçulmanos. Os mosaicos coloridos permaneceram cobertos de gesso em sua maior parte. Em 1993, uma missão da UNESCO notou que o edifício estava em deterioração com queda do gesso, revestimentos de mármore sujos, janelas quebradas, pinturas decorativas danificadas pela umidade e falta de manutenção do telhado. Desde então a limpeza e a restauração têm sido empreendidas. Os excepcionais mosaicos do assoalho e da parede que estavam cimentados desde 1453 agora foram recuperados gradualmente.

Em 1985, Hagia Sofia foi inscrita como Patrimônio Mundial da Unesco. O edifício exibia elementos de tempos diferentes: bases do século V, colunas erguidas por Constantino, mosaicos do tempo de Justiniano e de outros imperadores, a torre sineira do Império Latino (século XIII) além dos acréscimos feitos pelos muçulmanos.

Entre 2015 e 2019, Hagia Sophia foi a atração turística mais visitada da Turquia.

Hagia Sophia novamente mesquita

Desde 2018, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan falava em reverter o status de Hagia Sophia para uma mesquita, um movimento popularmente aceito pelos muçulmanos. Naquele ano, em 31 de março, Erdogan recitou o primeiro verso do Alcorão no interior do museu dedicando a oração às almas de todos os que nos deixaram este trabalho como herança, especialmente o conquistador de Istambul [Maomé II]”.

Erdogan afirmou que foi “um grande erro” transformar Hagia Sofia em um museu. Em 29 de maio de 2020, o governo da Turquia celebrou o 567º aniversário da Conquista de Constantinopla com uma oração islâmica em Hagia Sophia.

Finalmente, em 10 de julho de 2020, o Conselho de Estado da Turquia revogou o status de museu do templo. O decreto de 1934 foi considerado ilegal pelas leis otomana e turca, já que o templo havia sido doado pelo sultão Maomé II, o conquistador de Istambul, que designou o local como mesquita; os defensores da decisão argumentaram que a Hagia Sophia era propriedade pessoal do sultão.

Um decreto posterior do presidente turco Erdogan ordenou a reclassificação de Hagia Sophia como mesquita. A chamada para a oração foi transmitida dos minaretes logo após o anúncio da mudança e retransmitida pelas principais redes de notícias turcas. Os canais de mídia social do Museu Hagia Sopia foram retirados do ar no mesmo dia, com Erdogan anunciando em uma coletiva de imprensa que as próprias orações seriam realizadas lá a partir de 24 de julho. Um porta-voz presidencial disse que a mudança não afetaria o status da Hagia Sophia como Patrimônio Mundial da UNESCO, e que os “ícones cristãos ” dentro dela continuariam a ser protegidos.

A reformulação de Hagia Sophia causou uma onda de críticas internacionais de autoridades políticas e religiosas em todo mundo, entre elas a UNESCO, o Conselho Mundial de Igrejas e a Associação Internacional de Estudos Bizantinos.

Embora a Hagia Sophia tenha sido reabilitada como uma mesquita, o local permanece aberto para visitantes fora dos horários de oração. A entrada é gratuita.

Fonte

Saiba mais

Abertura

  • Interior do Museu Basílica de Santa Sofia

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