Em 16 de setembro de 1931, foi fundada a Frente Negra Brasileira (FNB), uma organização de caráter nacional que reivindicava direitos sociais e políticos iguais para todos, independentemente da cor de pele. Seus principais organizadores foram Arlindo Veiga dos Santos e José Correia Leite.
Em seus estatutos, a FNB afirmava que a entidade visava promover “união política e social da gente negra nacional, para a afirmação dos direitos históricos da mesma em virtude de uma atividade moral e material no passado, e para a reivindicação dos seus direitos materiais e políticos atuais na comunhão brasileira”.
- BNCC: 9° ano. Habilidades: EF09HI03, EF09HI04, EF09HI07. EF09HI08, EF09HI09
A organização seria composta de negros de ambos os sexos, visando “à elevação moral, intelectual, artística, teórico-profissional e física e à assistência, à proteção e à defesa social, jurídica e econômica do trabalho da gente negra”.
A Frente pleiteava também cargos eletivos de representação para os negros, tendo apresentado aos constituintes de 1933 reivindicações de igualdade de direitos.
Rapidamente os ideais da FNB se espalharam para vários estados, entre eles Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Em sua sede em São Paulo, SP, a FNB manteve escola, departamento de assistência social e jurídica, grupo de teatro, jornais (O Clarim da Alvorada e A Voz da Raça), além de promover palestras e os grande bailes organizados pelo grupo das Rosas Negras.
Durante o movimento constitucionalista de São Paulo, em 1932, uma dissidência da FNB decidiu se articular formando a Legião Negra (LN), que levou cerca de 2 mil homens a combaterem ao lado dos paulistas.
Em 1936, a FNB foi registrada como partido político, o primeiro da população afrodescendente do Brasil. Em 1937, um decreto do Estado Novo, de Getúlio Vargas, que colocava na ilegalidade todos os partidos políticos, atingiu também a Frente levando ao seu fechamento. Ela ainda tentou se rearticular como União Negra e depois como Clube Recreativo Palmares, até maio de 1938.
A polarização ideológica da década de 1930 também contribuiu para o fracionamento do grupo. Enquanto o dirigente Arlindo Veiga dos Santos ligou-se ao Movimento Patrianovista, de orientação de direita e ligado aos integralistas, enquanto José Correia Leite se filiou ao pensamento socialista.
Parte da história da FNB está guardada no Arquivo Público Mineiro (APM) e no Arquivo Público de São Paulo. São documentos, jornais e correspondências trocadas entre integrantes da Frente e órgãos de repressão que acompanhavam de perto a atuação dos frente-negrinos, como eram chamados os integrantes.
Fonte
- SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil –1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
- SKIDMORE, Thomas E. Preto no Branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
- DOMINGUES, Petrônio. Um “templo de luz”: Frente Negra Brasileira (1931-1937) e a questão da educação. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n.39, Rio de Janeiro, set/dez 2008.
- LEITE, Carlos Roberto Saraiva da Costa. A Frente Negra Brasileira. Portal Geledés, 14 dez 2017.
Saiba mais
Abertura
- Escola da Frente Negra Brasileira, década de 1930.