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A conquista do Império Inca

16 de novembro de 2015

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No dia 16 de novembro de 1532, Atahualpa, 13º e último Sapa Inca  (imperador) de Tahuantinsuyu, caiu na emboscada preparada por Francisco Pizarro. Começava a tragédia que dizimou milhares de incas, submeteu um império e destruiu uma brilhante civilização.

O império disputado por dois irmãos

À época da chegada dos espanhóis na América do Sul, o Tahuantinsuyu, como era chamado o Império Inca, passava por uma crise de sucessão. A morte do Inca Wayna Kapaq, em 1528 desencadeou a luta pelo poder entre seus dois filhos: Atahualpa (ou Ataw Wallpa) e Huascar (ou Waskarr) que o imperador morto havia tido de duas esposas diferentes.

Nascido em Cuzco, Arahualpa desfrutava de alta popularidade no norte do império, onde passara a infância e a adolescência. O poderoso exército de Quito era-lhe inteiramente leal assim como a nova elite recém-ingressada no Império.

Reconstituição artística de Atahualpa feita por George S. Stuart, Museu de Ojai Valley , Califórnia.

Por sua vez Huascar dispunha de sólido apoio no sul entre as antigas chefias incaizadas e no seio da etnia inca. Governador de Cuzco durante os últimos dez anos de reinado do pai, ele manipulava a seu favor o descontentamento da casta sacerdotal e dos chefes tradicionais contra a nova classe do norte.

As hostilidades entre os dois pretendentes tiveram início quando Huascar mandou executar alguns parentes de Atahualpa e lançou tropas contra o norte. Atahualpa resistiu e apoderou-se de Cajamarca. Preparava-se para avançar quando a notícia da aparição de indivíduos estranhos vindos do mar se espalhou pelo império convulsionado. Era abril de 1532.

Um breve recuo no tempo

Francisco Pizarro já havia tido um primeiro contato com a civilização inca em 1527 quando explorou as costas do Peru. Naquela ocasião, aprisionou três índios para posteriormente servirem de intérpretes. Dispunha de um punhado de homens, 160 ao todo, mas muitos morreram de fome e doença. Outros estavam desanimados e alguns se mostravam dispostos a fugir. Pediu reforços ao governado do Panamá e este lhe mandou 9 recrutas.

Francisco Pizarro, conquistador do Império Inca, governou pouco tempo os seus domínios, pois foi assassinado em 1541.

Francisco Pizarro, conquistador do Império Inca, governou seus domínios por pouco tempo, pois foi assassinado em 1541.

Explorou o atual golfo de Guayaquil (Equador) onde sua embarcação foi cercada por um grande número de jangadas repletas de guerreiros incas. Os espanhóis trocaram informações com os nativos ostentando suas armaduras, arcabuzes e vinho. Os incas, orgulhosos de sua civilização, mostraram suas riquezas e confirmaram a existência de ouro, prata e pedras preciosas. Pìzarro voltou ao Panamá levando artefatos de ouro, prata, tecidos indígenas, algumas lhamas e vários jovens incas destinados ao serviço de intérprete.

Seguiu para a Espanha para obter autorização e recursos para a invasão do Império Inca. Diante da corte do rei espanhol Carlos V descreveu os esplendores do Peru garantindo que suas riquezas superavam as encontradas por Hernan Cortés no território dos mexicas (astecas). Em 26 de julho de 1529, a rainha autorizou Pizarro conquistar e explorar as riquezas do Peru nomeando-o governador e capitão geral.

Em setembro de 1532, já na costa do Peru, Pizarro fundou o primeiro estabelecimento espanhol denominado San Miguel de Piura. Possuía uma força militar de 62 cavaleiros e 106 infantes para conquistar Tahuantinsuyu.

Os espanhóis entre os incas

Atahualpa e Huascar foram avisados da chegada dos espanhóis desde os primeiros dias. O serviço de correios dos incas era eficiente e rápido. O império possuía 40 mil km de estradas além de pontes suspensas que ligavam a capital Cuzco às populações do litoral, das montanhas e vales. Por elas circulavam os chasquis, mensageiros do imperador que, se revezando, permitia que uma mensagem percorresse 250 km em um dia.

Os movimentos dos espanhóis foram vigiados pelas autoridades incas que lhes enviaram numerosos emissários. Os espanhóis não se valeram, portanto, do elemento surpresa como alguns afirmam. Aquele punhado de homens brancos e barbudos não pareceram perigosos a Atahualpa e Huascar, que estavam inteiramente ocupados em se combater mutuamente e possuíam, cada um, milhares de soldados.

Ainda são visíveis e percorridos as antigas estradas incas que cortam desfiladeiros, vales e planícies.

As antigas estradas incas ainda servem à população rural e alguns trechos são percorridos por turistas que acampam em suas margens.

É possível que a chegada dos espanhóis possa ter sido interpretada como uma intervenção sobrenatural e que os sacerdotes de Cuzco tenham mesmo evocado o velho mito de Wiraqocha – o deus andino que, dizia-se, voltaria a Tahuantinsuyu pelas ondas do mar para fazer reinar a justiça e a paz.

Seja como for, Huascar buscou obter a aliança dos espanhóis. Enviou embaixadores a Pizarro que deles ouviu palavras estimulantes, ainda que ambíguas, e interpretadas como promessa de apoio e riqueza. Isso, no momento que os espanhóis se preparavam para lutar contra Atahualpa.

A aliança com Huascar facilitou o deslocamento de Pizarro que cruzou a vertente ocidental da cordilheira sem encontrar a menor resistência. Em 15 de novembro de 1532, entrou em Cajamarca.

O encontro de Pizarro com Atahualpa

Pizarro enviou um convite a Atahualpa, acampado nas imediações, para um encontro na praça de Cajamarca. Era a ocasião que o chefe inca esperava para se livrar daqueles estrangeiros que, do seu ponto de vista, eram mais incômodos do que perigosos.

Na manhã do dia 16 de novembro, Atahualpa vestindo o traje cerimonial e sentado em um trono em uma liteira, foi levado até o local combinado. Não estava armado e acreditava que sua presença causaria uma forte impressão e amedrontaria os espanhóis.

Ao chegar à praça foi recebido apenas pelo padre Vicente Valverde que, por meio de um tradutor, exigiu que o Inca e seu séquito se convertessem ao cristianismo e se submetessem ao rei espanhol, ameaçando-o à fogueira se recusasse.

Atahualpa é arrancado de sua liteira por Pizarro. Gravura de Theodor de Bry, séc. XVI.

Atahualpa é arrancado de sua liteira por Pizarro. Gravura de Theodor de Bry, séc. XVI.

Atahualpa recusou-se e jogou, no chão, a Bíblia oferecida pelo padre. Foi o pretexto para o ataque dos espanhóis. Pizarro ordenou o abrir-fogo e a entrada em combate da cavalaria e dos cães.

O pânico apoderou-se dos incas, cuja retirada estava bloqueada. Um grupo de abnegados súditos comprimiu-se em torno de Atahualpa formando um escudo com seus corpos. O Inca, contudo, foi arrancado de sua liteira e arrastado para o Templo do Sol onde os espanhóis estavam entrincheirados. Em troca da liberdade de Atahualpa, Pizarro exigiu ouro e prata em quantidade para encher todo o grande aposento do templo.

Uma situação paradoxal

A captura de Atahualpa não interrompeu a guerra entre os dois irmãos. O exército do Norte continuou a luta e avançou vitorioso em direção ao sul. Algumas semanas mais tarde, ele entrou em Cuzco e aprisionou Huascar.

Seguiu-se a terrível vingança dos partidários de Atahualpa contra os aliados de Huascar. A múmia de Tupa Yupanki, venerado ancestral de Huascar, foi profanada e queimada. Centenas de homens, mulheres e crianças foram mortos e seus cadáveres lançados às aves de rapina. A velha nobreza cuzquenha foi extinta sem que os vencedores se dessem conta do perigo dos invasores estrangeiros.

No início de 1533, o Império Inca estava reunificado, mas a unidade imperial era mais aparente do que real já que o imperador se encontrava em poder dos espanhóis. Huascar era prisioneiro de Atahualpa que, por sua vez, o era de Pizarro.

A aliança hispano-wanka

A situação colocava Pizarro em uma situação de desvantagem militar: os espanhóis eram um punhado de homens frente ao inimigo vitorioso e que possuía milhares de guerreiros. Pizarro decidiu continuar apoiando Huascar estimulando a rebelião contra o império para restaurar o poder a esse chefe inca.

Mandou seu irmão ao sul para buscar aliança com os chefes incas e obteve a fidelidade dos poderosos Wanka além de outras etnias menores. A aliança hispano-wanka teve importância considerável na sequência dos acontecimentos e decidiu, em grande parte, o destino do império e da conquista espanhola.

O terror provocado pelos yanas

Paralelamente, os espanhóis estimularam a rebelião dos yanaconas ou yana – espécie de escravos selecionados entre prisioneiros de guerra para servir à elite inca. Esse grupo servil em expansão tentava se aproveitar da desordem geral para se levantar contra seus senhores. De Cajamarca, Pizarro decretou sua emancipação.

Organizados em grupos errantes, os yana, sem ligações tribais, disseminaram-se por todas as regiões, eliminando de passagem os símbolos e representantes da autoridade estatal. Grande número deles se uniu aos espanhóis. As atrocidades cometidas pelos yanas desestruturaram a sociedade inca e contribuíram para a queda do império.

Os incas aliados dos espanhóis viam com inquietação a decisão de Pizarro de dar liberdade a Atahualpa depois de obter o fabuloso resgate. Eles exerceram sobre o chefe espanhol e seus soldados fortes pressões difundindo o boato de que Atahualpa em seu cárcere dera ordem aos exércitos fiéis para se apoderarem de Cajamarca e aniquilarem todos os brancos. A cada dia relatavam  movimentos imaginários de tropas inimigas nas vizinhanças da cidade.

A execução de Atahualpa

Não se sabe se Pizarro acreditou nos boatos. O fato foi que chegou a ele a notícia que Huascar fora assassinado por ordem de Atahualpa – um episódio ainda pouco esclarecido pelos historiadores e que poderia até ser mais um boato entre tantos espalhados naquela ocasião.

O corpo de Huascar nunca foi encontrado e sequer existe um relato confiável de seu assassinato. Os próprios espanhóis nunca estiveram pessoalmente com Huascar. Há quem afirme que Huascar sobreviveu à invasão espanhola fugindo para a floresta amazônica.

Sob o pretexto do assassinato de Huascar, Pizarro fez uma simulação grosseira de processo onde acusou Atahualpa de ter cometido 12 crimes, dos quais os mais importantes foram praticar a idolatria, o fratricídio (assassinato de irmão) e ter se rebelado contra o reino da Espanha.

Diante da condenação de ser queimado vivo na fogueira, Atahualpa aceitou a proposta do padre Valverde de diminuição da pena se concordasse ser batizado. Após o batismo, foi garroteado (morto por estrangulamento) no dia 26 de julho de 1533.

Prestes a ser queimado vivo, Atahualpa aceitou o batismo e teve a pena reduzida: foi estrangulado.

A resistência inca

Em novembro daquele ano, Pizarro chegava diante de Cuzco, a capital do Império Inca. O jovem Manko Inca, meio irmão de Atahualpa e de Huascar, que a nobreza cuzquenha exaurida e provisoriamente reconciliada colocara à sua frente, acolheu-o às portas da cidade.

Mas ainda foram necessários dois anos para que os espanhóis auxiliados por Manko Inca, a quem haviam permitido tomar simbolicamente a coroa imperial, pusesse fim aos exércitos dispersos e partidários de Atahualpa.

“Atahualpa e a queda do Império Inca”(2015). O primeiro filme peruano em 3D

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[…] peles e carne com sociedades complexas sem, por isso, deixarem de serem nômades e pastores.  No Império Inca, por exemplo, coexistiram caçadores, coletores, agricultores, tribos confederadas e […]

Vanessa Santana
6 anos atrás

Os Impérios, nas suas várias tipologias e formatos, são uma constante na História. Em expansão e em consolidação ou em decadência e retração, os Impérios traziam estabilidade e, ao mesmo tempo, uma instabilidade potencial, derivada da concorrência. Essa instabilidade, normalmente, se resolvia em um ciclo de guerras, o qual, por sua vez, conduzia a uma nova estabilidade imperial. Estudar os Impérios e suas guerras é, em boa medida, estudar a essência das relações internacionais, não apenas as contemporâneas. O presente livro reúne diversos artigos a respeito da temática dos Impérios, partindo da Roma imperial, passando pelos Impérios modernos – como… Read more »

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