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Por que parte dos cristãos celebra o Natal em janeiro?

3 de janeiro de 2024

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Os cristãos ortodoxos não celebram o Natal em 25 de dezembro. Eles compõem 12% da cristandade, são cerca de 260 milhões de pessoas em países da Europa Oriental, na Rússia, na Grécia, em comunidades na Etiópia, no Egito e noutros locais. O Natal Cristão Ortodoxo é celebrado no dia 7 de janeiro, com vigílias, jejuns e festas tradicionais.

A mudança de data não se deve a uma discordância sobre a data de nascimento de Jesus. No inicio do cristianismo e por muito tempo, o Natal manteve-se no 25 de dezembro para todos os cristãos. Veja a cronologia abaixo.

Cronologia do Natal

  • 325: Concílio de Niceia padroniza a data da Páscoa.
  • 336: ocorre em Roma a primeira celebração de Natal.
  • 380: Constantinopla e Capadócia adotam o 25 de dezembro como Natal.
  • 386: Antioquia adota o 25 de dezembro como Natal.
  • 432: Alexandria adota o 25 de dezembro como Natal.
  • 439: Jerusalém adota o 25 de dezembro como Natal.
  • 449: o Papa Leão I oficializa 25 de dezembro como o nascimento de Jesus.
  • 529: o imperador Justiniano, do Império Romano do Oriente, declara o 25 de dezembro como feriado oficial do império.
  • 1054: Grande Cisma: cristandade dividida em Igreja Católica Romana e Igreja Ortodoxa Oriental, o Natal continua sendo o dia 25 de dezembro.
  • 1582: adotado o calendário gregoriano no Ocidente. A Igreja Ortodoxa oriental rejeita a mudança e mantém o calendário juliano.

Séc. IV: o Concílio de Niceia padroniza o calendário cristão

As divergências sobre a data de nascimento de Jesus Cristo remontam a 325 d.C., quando um grupo de bispos cristãos convocou o Concílio de Niceia, a primeira conferência ecumênica, uma reunião para decidir sobre questões de doutrina religiosa.

Um dos pontos mais importantes do Concílio de Niceia foi unificar a data da Páscoa, a data mais importante dos cristãos. Para isso, utilizou-se o calendário juliano que estava em vigor no Império Romano desde 46 a.C. O calendário que leva o nome de Júlio César baseava-se unicamente no Sol tendo o ano de 365 dias dividido em 12 meses de duração desigual. Foi desenvolvido pelo astrônomo egípcio Sosígenes.

Mas os cálculos de Sosígenes tinham o seu próprio problema: um erro na duração do ano solar em cerca de 11 minutos. Como resultado, ao longo dos séculos, o calendário juliano ficou defasado e a marcação das estações estava fora de sintonia.

Séc. XVI: entra em vigor o calendário gregoriano

Em 1582, as celebrações cristãs importantes haviam mudado: a Páscoa que deveria ser celebrada no primeiro domingo depois da lua cheia de primavera (por volta de 21 de março), ocorria a intervalos cada vez maiores após a lua Cheia.

Uma reforma do calendário foi necessária: foram abolidos dez dias do calendário juliano, deixando de existir os dias de 5 a 14 de outubro de 1582.

O novo calendário, chamado de calendário gregoriano, foi adotado pela maioria do mundo cristão do Ocidente.

A Igreja Ortodoxa, porém, não concordou. Desde o Grande Cisma de 1054, os cristãos ortodoxos não reconhecem o Papa como líder da Igreja, rejeitam o conceito de purgatório e discordam sobre a origem do Espírito Santo, entre outras diferenças.

Adotar o calendário gregoriano significaria contrariar os cânones apostólicos do cristianismo Ortodoxo. Assim, a Igreja Ortodoxa rejeitou o calendário gregoriano e continuou a confiar no calendário juliano.

Permaneceu assim durante séculos, com o Ocidente usando o calendário gregoriano e o Oriente, o calendário juliano. Em 1923, havia uma diferença de 13 dias entre os dois calendários, colocando o Natal Ortodoxo 13 dias depois de 25 de dezembro, isto é, no dia 7 de janeiro.

O ajuste do calendário ortodoxo

Isto explica a existência de dois Natais, mas como é que as igrejas ortodoxas enfrentaram a crise do calendário? Em maio de 1923, um grupo de líderes ortodoxos reuniu-se para resolver o problema. O Congresso Pan-Ortodoxo, realizado em Istambul, reuniu delegações das igrejas de Constantinopla, Chipre, Grécia, Romênia, Rússia e Sérvia.

Os debates foram acalorados: o historiador Aram Sarkisian escreve que a Igreja da Rússia foi pressionada a adotar o calendário gregoriano pelos bolcheviques, que abandonaram o calendário juliano no início da Revolução Russa de 1917. A revisão do calendário não era apenas uma questão de religião: para as igrejas cuja existência estava ameaçada sob o domínio do comunismo, ajustar o calendário era uma questão de sobrevivência.

Na conferência, o cientista sérvio Milutin Milanković propôs uma solução: uma nova versão do calendário juliano que partilha as suas datas com o gregoriano, embora não partilhe todos os anos bissextos. Conhecido como calendário juliano revisto, foi adotado por várias igrejas ortodoxas, incluindo as da Grécia, Chipre e Romênia. Essas igrejas agora celebram o Natal em 25 de dezembro.

Mas outras igrejas ortodoxas, como as da Rússia e do Egito, recusaram. E outras, como a Polônia, adotaram o calendário de Milanković, mas em 2014 abandonaram-no. Essas igrejas celebram o Natal no dia 7 de janeiro, até o ano de 2100, quando será transferido para 8 de janeiro devido à evolução do calendário.

Tradições ortodoxas de Natal

Crianças participam de procissão de Natal em Tblíssi, capital da Geórgia. Os cristãos ortodoxos celebram o Natal de acordo com o calendário juliano, no dia 7 de janeiro, e não conforme o calendário gregoriano.

Hoje, as tradições ortodoxas diferem dependendo do lugar, do ramo eclesiástico e dos costumes locais. Tradicionalmente, os cristãos ortodoxos jejuam 40 dias antes do Natal, preparando-se para o nascimento de Cristo e abstendo-se de carne, laticínios, peixe, vinho e azeite.

Após a vigília da véspera de Natal, o Natal é comemorado como uma das 12 Grandes Festas da Igreja Ortodoxa, com missas na igreja e celebrações em casa.

Outras tradições são tão vibrantes e variadas quanto os locais onde se originaram. Na Geórgia, clérigos e pessoas vestidas com trajes religiosos desfilam pelas ruas, cantando canções de Natal e caminhando até a igreja. O nome da procissão, Alilo, vem de uma canção que as crianças tradicionalmente cantam na véspera de Natal quando vão de porta em porta recolhendo dinheiro e pequenos presentes. Este costume também existe em outros locais, como na Romênia e na Grécia.

O alimento é fundamental nas celebrações do Natal Ortodoxo, e essas tradições também variam de acordo com a região. Na Rússia, por exemplo, uma tigela de mingau de trigo e cevada chamada kutya é a refeição na véspera de Natal, servida em uma tigela comum, simbolizando a unidade. Às vezes a comida é jogada para o teto; se grudar, diz a tradição, você terá boa sorte.

A kutya, comida tradicional do Natal na Rússia e também na Ucrânia. Feito com sementes de trigo, cevada, papoula e mel, adicionando-se às vezes, nozes, frutas secas e passas. Leite e ovos são proibidos.

Os coptas egípcios quebram o jejum com um prato de pão, arroz e carne chamado fattah. Os membros da Igreja Ortodoxa Etíope comem wat, um ensopado que geralmente inclui carne de galo dividido em 12 partes, símbolo dos 12 apóstolos, junto com 12 ovos.

Wat ou molhado é um ensopado etíope que pode ser preparado com frango, carne bovina, cordeiro e uma variedade de vegetais. Na foto, uma porção de vários wat em uma bandeja.

A confusão do calendário fará com que mais cristãos ortodoxos escolham outra data para as celebrações? Talvez. Mas até lá, a alegria do Natal (e toda aquela comida deliciosa) terá que esperar até janeiro para muitos membros da Igreja Ortodoxa.

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